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aracruz/vcp/fibria
2010-03-01 | Tatianaf

A intransigência da ex-Aracruz Celulose (atual Fibria) em negociar o acordo coletivo levou o Sindicato dos Trabalhadores Químicos e Papeleiros do Estado (Sinticel) a enviar cartas ao Ministério Público Estadual (MPES), Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), relatando as propostas que retiram benefícios dos trabalhadores e que a empresa espera que a categoria aceite.

A transnacional insiste na proposta de um abono de R$ 2 mil, em troca da redução dos benefícios com saúde, abono de férias e seguro de vida. A única modificação proposta pela ex-Aracruz foi não alterar o plano odontológico por três anos e só começar a cobrança pelo plano de saúde em 1 de julho, em vez de 1 de abril. Os trabalhadores recusaram a proposta inúmeras vezes e não descartam a possibilidade de greve, que seria a primeira da categoria.

De acordo com o presidente do Sinticel, Artur Duarte, nesta semana a empresa aceitou voltar à mesa de negociação. A esperança do líder sindical era de que a empresa tivesse mexido na proposta, no entanto, os diretores afirmaram na reunião que só haviam comparecido por educação e ela se encerrou com apenas dois minutos.

Artur considera a atitude da empresa uma afronta aos trabalhadores, já que mesmo recebendo subsídios do Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT), via BNDES, os benefícios não são repassados para os trabalhadores, pelo contrário, são extintos aqueles que sempre foram direitos da categoria. O sindicalista também se queixa da falta de garantia de postos de trabalho da empresa.

Ele conta, ainda, que o sindicato está notificando compradores e fornecedores da ex-Aracruz sobre o impasse nas negociações salariais. “Assim, se eles perceberem a baixa qualidade da celulose, já sabem o motivo”, diz Artur.

Desde que houve a fusão entre a Aracruz e a Votorantim Celulose e Papel (VCP), os trabalhadores acumularam diversos prejuízos, como perda de 150 postos de trabalho, depois da demissão de empregados, em abril de 2009.

Foi também extinta a gratificação em dinheiro para empregados a partir de dez anos e eliminou-se o ônibus do turno de Vitória, prejudicando diversos trabalhadores. E ainda extintos os planos de previdência privada da empresa e a aposentadoria vitalícia em caso de acidente e invalidez permanente.

O presidente do Sinticel acrescenta que a possibilidade de uma greve dos papeleiros não está descartada. Se for deflagrada, esta será a primeira paralisação da categoria. A atual diretoria do Sinticel, diferentemente de diretorias anteriores, não promove acordos que só beneficiem a empresa.

As antigas lideranças do sindicato costumavam tomar decisões que beneficiavam diretamente a empresa, em detrimento dos empregados. Ela foi responsável, inclusive, por promover violência contra índios, liderada pelo próprio presidente da época, Davi Gomes, em 2006.

Apesar da resistência da empresa em negociar os benefícios dos trabalhadores, a atual Fibria teve lucro líquido de R$ 558 milhões em 2009, de acordo com informações do Valor Econômico.

As vendas de celulose foram recordes no quarto trimestre de 2009, totalizando 1,460 milhão de toneladas, 14% superiores ao terceiro trimestre de 2009, com destaque para a recuperação das vendas da ex Aracruz para Europa (+30%) e para a América do Norte (+14%).

(Por Lívia Francez, Século Diário, 26/2/2010)


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