Quem diria que a Suzano Papel e Celulose, com a conveniência, com a complacência e com a conivência dos governos dos estados do Maranhão e do Piauí, tenta solapar as legislações ambientais que contornam respectivamente o bioma Amazônico e o bioma Mata Atlântica nestes dois Estados?!!!
A empresa acabou de entregar o estudo de impacto ambiental referente a 60 mil hectares de plantio de eucalipto na região Tocantina, oeste do Maranhão. Esses plantios fornecerão matéria-prima para sua fábrica de celulose que uns acocham para que se instale em Imperatriz. Essa fábrica reluz como uma miragem para pobres comitivas em busca de algum consolo na região Tocantina.
Ninguém se amarrou muito na primeira opção da Suzano para sua "bendita" fábrica de celulose. A cidade de Porto Franco, às margens do rio Tocantins, atraiu uma ou outra beneficiadora de soja e isso se deve ao avanço desta cultura sobre boa parte do estado do Tocantins. Os incentivos fiscais que um ou outro governo libera atraem interesses empresariais marginais. Fora um ou outro empreendimento, a maioria dos investimentos na região Tocantina e na região centro-sul do Maranhão induz ao bocejo qualquer espectador mais atento ao jogo do bicho.
Alguns "bicheiros" da política regional maranhense agraciaram a empresa Maity com as suas influências e com isso a empresa recebeu régios empréstimos de bancos públicos para liderar a produção de cana na região Tocantina. Presumia-se uma liderança como a da Maity no ramo da cana de açúcar.
A liderança pode ser um estado de espírito como todos sabem e quem a contesta deve futucar mais as questões sociais, econômicas e ambientais e menos as questões que personifiquem um status quo. Contrariando o que se cogitava, a expansão da indústria de cana no Maranhão, no caso a Maity, a Agrosserra, a TG agroindústria e o grupo João Santos, retumbou em alguns hectares a mais de desmatamento e de plantios e alguns litros a mais de álcool sendo exportados ou consumidos internamente.
Tanto no caso da indústria da cana, entre 2005 e 2008, quando havia a promessa de grandes investimentos da parte de fundos internacionais,como no caso mais recente da Suzano, com seu projeto de reflorestamento de eucalipto em quase 400 mil hectares, verifica-se um conflito de personalidade entre o Estado e as empresas. Ao personificar o desenvolvimento sócio-econômico como o desenvolvimento das forças produtivas com bases no sistema capitalista, o Estado acaba assumindo a personalidade do Estado-empresa.
Essa personificação chega ao cumulo quando uma empresa como a Suzano cobra do governo do Maranhão uma solução para seu empreendimento florestal já que só poderá plantar em 20% das suas propriedades na região Tocantina. Caso o governo dificulte, a Suzano ameaça se mandar para o Tocantins com sua fábrica. Ela questiona o governo do Maranhão e se olvida de questionar a si própria como empresa. Que métodos são esses?
(Por Mayron Régis, Adital, 25/02/2010)