Município de Rio Grande, na metade sul do Rio Grande do Sul enfrentou, nos últimos meses, enchentes é até um tornado. Prefeitura Municipal instituiu programas com o objetivo de minimizar os impactos causados pelas variações climáticas.
Os sinais das mudanças climáticas estão por aí, para quem quiser ver. No começo de dezembro de 2009, centenas de moradores da cidade de Rio Grande, na Metade Sul do Estado do Rio Grande do Sul, tiveram suas casas completamente alagadas. No dia 7, as águas da Lagoa dos Patos, represadas pelo vendaval, invadiram as avenidas , ruas e residências de diversos pontos do município, em especial os bairros Navegantes, Centro, Cidade Nova e Rincão da Cebola, além das ilhas dos Marinheiros e da Torotama. As imagens da enchente foram impressionantes. Foram cenas semelhantes às que as TVs vêm mostrando, desde dezembro passado mês, na capital do Estado de São Paulo.
Neste final de fevereiro de 2010, um forte vendaval, ou um tornado, segundo alguns meteorologistas, atingiu, no dia 23, um bairro de Rio Grande, o Bolaxa, localizado às margens da rodovia que liga o centro da cidade marítima com o bairro-balneário do Cassino. Pelo menos 20 residências foram atingidas, e três moradores tiveram ferimentos leves. O vendaval durou um minuto apenas. A Praticagem da Barra do Rio Grande registrou às três horas da manhã a intensidade dos ventos, com rajadas de até 90 km por hora. De manhã, o cenário no Bolaxa era de destruição, com as casas sem os telhados e duas com as paredes de tijolos derrubadas. Mas foi uma destruição localizada, o que reforça a hipótese de realmente ter ocorrido um tornado.
Há, hoje em dia, um sentimento comum entre os cientistas e os cidadãos comuns: as mudanças climáticas estão aí. E vieram para ficar. Por exemplo: pesquisa recente, do dia 4 de fevereiro de 2010, da Rádio Gaúcha de Porto Alegre, apresenta dados significativos. Para 67% dos ouvintes, o calorão dos últimos dias é, sim, o resultado da ação predadora dos homens. Já 37% dos ouvintes acreditam que o calor seria natural e já teria acontecido anteriormente.
Só no Rio Grande do Sul, neste ano, já são mais de 200 mil pessoas atingidas por enchentes, alagamentos e vendavais. O agrônomo Flávio Fagonde, da Emater da cidade de Santa Rosa, não tem dúvida: a cada ano, os picos de temperatura têm sido mais intensos. Os efeitos destas ondas de calor são sentidos naquela região do Estado com a diminuição da produtividade das vacas leiteiras e os estragos permanentes no pasto.
Em Rio Grande, atento a todos estes problemas, o prefeito Fábio Branco criou o Programa Municipal de Enfrentamento das Mudanças Climáticas. Em caso de vendavais e fortes chuvas que venham a atingir o município, a idéia é tentar amenizar as inevitáveis conseqüências e buscar preservar o meio ambiente.
”A situação climática é bastante diferente daquela registrada há 20 anos. Isso se deve à falta de cuidado com o meio ambiente. Se não cuidarmos do ambiente, a situação vai piorar daqui para a frente”, disse o prefeito rio-grandino. Entre as ações previstas no Programa estão a coleta seletiva do lixo e a redução dos gases de efeito estufa – que contribuem diretamente para o aquecimento global. A Prefeitura tem, inclusive, uma meta: reduzir em 20% nos próximos anos a emissão dos gases de efeito estufa. A frota de carros municipais e a de ônibus deverá gradativamente adotar os biocombustíveis.
São medidas mais do que oportunas. E, por sinal, necessárias e urgentes. Para reduzir o impacto dos ataques ao meio ambiente em Rio Grande. Isso tudo já olhando para o futuro imediato, quando se examina os cenários de crescimento da cidade. Em 2020, a cidade deverá contar com uma população de mais de 400 mil habitantes. Hoje, o total é de 205 mil pessoas. Este acentuado crescimento demográfico será devido à criação de cerca de 60 mil novos empregos, nos próximos 10 anos, direcionados ao Pólo Naval e outros empreendimentos nas áreas de geração de energia e de produção de madeira. Além do incremento de setores já existentes de serviços, hotelaria e alimentação.
As mudanças climáticas chegaram. Assim como Rio Grande, todas as cidades gaúchas devem estar atentas a esta nova situação. Todos nós podemos mitigar seus efeitos, com pequenas ações no dia-a-dia, para preservar o meio ambiente e buscar uma vida melhor. Para nós mesmos, nossos filhos e nossos netos. Resta colocar as mãos à obra.
(Por Renato Gianuca, EcoAgência, 25/02/2010)