Onze meses depois da primeira denúncia de O Diário, em 20 de março do ano passado, finalmente foi removida da desativada fábrica de freios e equipamentos ferroviários Kubota, em César de Souza, parte do amianto depositado irregularmente no local. Na semana passada, a fabricante Sama, de Goiás, que contratou a Projecontrol, removeu, com autorização da agência mogiana da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), o mineral cancerígeno. Foi encaminhado para território goiano o dobro da quantidade estimada: 10 toneladas em vez de cinco.
"Além do material ensacado, havia muita quantia no chão, misturada com outros resíduos", explicou a gerente do Programa Estadual do Amianto em São Paulo, ligado ao Ministério do Trabalho, Fernanda Giannasi.
Com a retirada, Fernanda autorizou um dos novos donos da área, José Aurélio Moreno Leon, da VM Leon Engenharia e Construções, a retomar a obra de restauração de dois de três galpões instalados nos 23 mil metros quadrados. "A partir de amanhã [hoje], ele já pode começar a mexer no local. Os trabalhadores, no entanto, terão de usar macacões descartáveis e máscaras, além de passarem por exames médicos", diz.
Por meio de um leilão, Leon adquiriu o espaço, onde pretende ampliar a atual produção de peças para sistemas de proteção contra raios, aterramento de pontes e elétricos. Atuando no Município há 25 anos, a VM Leon adquiriu o espaço da Kubota em agosto do ano passado e, logo em seguida, deu início a uma obra para recuperar as ruínas e ampliar a produção, que hoje acontece em outro terreno no mesmo Distrito. O Ministério do Trabalho, por intermédio de Fernanda, havia embargado as intervenções em andamento pela empresa devido ao risco de contaminação dos trabalhadores.
Ao lado da antiga Kubota, há uma segunda área com amianto, adquirida por uma pessoa física ligada à empresa AP Equipamentos Industriais, que hoje atua no lugar onde um dia funcionou a Freiobrás, empresa ligada ao grupo Kubota. Ali, a quantidade do mineral cancerígeno é muito maior: cerca de 800 toneladas (800 mil quilos).
"Mas tenho boas notícias: recebi informações de que a retirada do amianto, com a devida autorização, já está sendo providenciada", afirma Fernanda.
Na área da Kubota, adquirida pela VM Leon, ainda há um terceiro galpão com amianto misturado a outros produtos, resultado da antiga produção. O empresário afirma que está impedido juridicamente de providenciar a remoção neste terceiro galpão. "Este conteúdo pertence à Fazenda do Estado, tem valor comercial e será usado no pagamento de dívidas da Kubota. Já entrei na Justiça para que a Fazenda providencie a remoção", afirma o empresário.
Tanto Fernanda como o gerente da agência mogiana da Cesteb, Edson Santos, afirmam que a VM Leon terá de provar que o material depositado no galpão realmente está embargado pela Justiça. "Até lá, continuaremos entendendo que o responsável pela remoção é a VM Leon", afirma Santos. Caso fique comprovada a responsabilidade da Fazenda Pública, a Cetesb e o Ministério do Trabalho cobrarão dela a retirada do amianto.
(Por Caroline Lopes, O Diário de Mogi, 24/02/2010)