O seminário organizado ontem pelo PC do B, para tentar engrossar um discurso conspiratório como base de mudança do código florestal brasileiro foi um tiro que saiu pela culatra. Por conta da diversidade de opiniões na mesa, e do formato intimista (que deu cara de audiência pública) no pequeno auditório Freitas Nobre, na Câmara dos Deputados, o partido não conseguiu evitar que contradições fossem expostas na crítica do Dep. Aldo Rebelo a uma suposta tentativa de favorecimento de concorrentes internacionais na luta ambiental.
A posição de Aldo, reafirmada pelo presidente do PC do B, Renato Rabelo, de que existe uma verdadeira guerra comercial em curso no fundo de uma batalha ambiental, não foi predominante nas falas dos convidados, e foi rechaçada por deputados como Rodrigo Rollemberg, Dr. Rosinha e Ivan Valente. Rollemberg, por exemplo, afirmou que também “não está lá para defender interesses de outros países”, mas que “o Brasil não precisa expandir sua agricultura sobre os Biomas”.
“Este é o ponto central da discussão”, defendeu Sérgio Leitão, do Greenpeace, que também repudiou a tentativa de classificar uma suposta atuação da organização em prol de interesses de outros países. Ele foi aplaudido quando sugeriu que se separe aqueles que de fato defendem o interesse nacional, daqueles que usam esse discurso para atuar em causa própria e se julgam “benfeitores da nação”.
Ficaram ao lado de Aldo o mais novo amigo dos comunistas, o velho ruralista Moacir Micheletto, além do representante da Embrapa e sua “lenga lenga” que dá lastro ao discurso político, disfarçado de técnico-científico, do Ministro Stephanes.
Uma sensação de indignação por parte de muitos naquele auditório foi o que ficou no final, mas, em meio a uma construção de argumentos delirantes sobre interesses por trás do código florestal, o seminário organizado pelo PC do B serviu de um providencial palco para as divergências.
(Blog do Greenpeace, 24/02/2010)