Enquanto muitos comemoram a subida do Brasil no ranking dos países produtores de transgênicos, o Greenpeace traz um alerta para a imprecisão dos dados divulgados.
Jornais noticiam que ultrapassamos a Argentina na produção mundial de transgênicos, passando ao lastimável segundo lugar do ranking mundial, atrás apenas dos EUA. Segundo os dados divulgados pelo Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA, em inglês), foram 21,4 milhões de hectares de área plantada em 2009, um aumento de 35,4% em relação a 2008.
Apesar do alarde na imprensa, os dados são imprecisos. “O ISAAA é uma organização de pesquisa e divulgação sobre transgênicos criada e financiada pelas próprias empresas de biotecnologia”, diz Rafael Cruz, coordenador da campanha de transgênicos. “Por esse motivo, consideramos os dados divulgados parciais e de baixa credibilidade”, afirma.
Com relação à soja, o número pode estar inclusive superestimado. No Mato Grosso, por exemplo, houve decréscimo de área plantada nos últimos dois anos, enquanto no Rio Grande do Sul não há mais espaço para o crescimento do cultivo.
O vácuo de informação, que deveria ser preenchido por dados do governo, esbarra na inoperância do Ministério da Agricultura, que não cumpre com a sua obrigação, estabelecida pela própria Lei de Biossegurança, de oferecer números oficiais sobre o assunto. Enquanto isso, na Europa, União Européia e ISAAA não se entendem com relação aos dados do continente. A estimativa da UE revela queda muito mais acentuada das áreas cultivas do que os dados trazidos pelo relatório da ISAAA.
(Blog do Greenpeace, 24/02/2010)