Interessada em assegurar energia para ampliar suas operações no Norte, a Vale anunciou nesta terça (23/02) a formação de um consórcio com Andrade Gutierrez, Neoenergia e Votorantim para participar do leilão da hidrelétrica de Belo Monte, que deve ocorrer neste ano.
A usina ficará no Pará, mesmo Estado onde a Vale, que consome 4% de toda a energia produzida no país, tem seus principais investimentos. Lá a companhia opera a mina de ferro gigante de Carajás -que será ampliada- e conta ainda com projetos nas áreas de cobre e níquel na região, a maior província mineral do mundo.
Em breve nota conjunta, a Vale e as demais companhias disseram que assinaram "memorando de entendimentos" para a criação do consórcio. "A Vale e suas parceiras se comprometem a desenvolver estudos para determinar a atratividade do empreendimento, avaliar as condições de participação no processo e, após essas etapas, formalizar instrumentos jurídicos definitivos que permitam sua entrada conjunta no leilão", diz a nota.
Não foram divulgadas as participações de cada grupo no consórcio, que ainda não foi formalmente constituído. Com essa definição, o leilão de Belo Monte (PA) deve ter só dois consórcios concorrentes: o da Vale e outro liderado pelas empreiteiras que foram rivais na disputa por Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira -Camargo Corrêa e Odebrecht.
Nesse segundo grupo, há a possibilidade de também entrarem a CPFL Energia, controlada atualmente pela Camargo Corrêa, e mais um autoprodutor de energia, que, assim como a Vale, quer a geração apenas para o seu próprio consumo. Nesse caso, existe a possibilidade de Braskem (Odebrecht e Petrobras) ou Gerdau ingressarem no consórcio.
Nos bastidores, o governo tenta convencer o grupo Suez (responsável por Jirau) a liderar um terceiro consórcio para ampliar a concorrência no leilão e obter um deságio maior na tarifa da usina.
Via assessoria, a Vale informou que seu objetivo ao investir em energia é diminuir a disparidade dos preços do insumo e, desse modo, ampliar a competitividade de seus produtos.
"Como grandes consumidores de energia, acreditamos que investir em projetos de geração de energia para atender às nossas operações será eficaz na proteção contra a volatilidade dos preços da energia, das incertezas regulatórias e dos riscos de escassez de eletricidade", disse a mineradora. A Vale tem sete hidrelétricas de médio porte em operação e constrói, em parceria, a de Estreito (MA/TO).
(Folha de S. Paulo / CERPCH, 23/02/2010)