Alvo de um surto de dengue, Ijuí, no noroeste do Estado, tem apenas sete casos confirmados, mas já são cerca de 300 pessoas com os sintomas da doença – e a Secretaria Estadual da Saúde (SES) projeta que até o fim da semana elas podem ultrapassar a marca de mil.
A secretaria lançou ontem uma operação de guerra para tentar conter o avanço do Aedes aegypti na região e acalmar a população do município. A força-tarefa é maior do que a empreendida em Giruá, em 2007, que registrou mais de 600 casos suspeitos – a prefeitura do município parou de contar o número de doentes quando alcançou essa marca.
Para temor dos habitantes do bairro São Paulo, considerado foco do surto em Ijuí, a chuva que desabou ontem deu sobrevida aos mosquitos.
Em função do mau tempo, técnicos não puderam dar continuidade à aplicação de inseticida. As duas caminhonetes equipadas com pulverizadores, enviadas na segunda-feira pelo governo do Estado, também ficaram paradas. Enquanto isso, a água se acumulou e formou poças por todo o bairro, principalmente nos entulhos de uma área onde serão construídos 36 apartamentos populares. Para o coordenador Regional de Saúde, Erlon Becker, são grandes os riscos de novos focos, acelerando a proliferação de mosquitos.
Mais dias de calor pela frente preocupam
O secretário estadual da Saúde, Osmar Terra, observa que a estratégia de agora difere da executada em Giruá. Há suspeita de que o vírus em circulação em Ijuí seja diferente do encontrado em 2007. Se isso for confirmado, os 268 infectados há três anos se encontram em uma situação preocupante. Se forem recontaminados, estão sujeitas a contrair a doença em sua forma mais agressiva.
– Nesses casos, se a pessoa contrair o vírus novamente, pode morrer de dengue hemorrágica – alertou Francisco Paz, diretor do Centro Estadual de Vigilância em Saúde.
Há ainda outros dois complicadores. O município é quase cinco vezes maior do que Giruá e, desta vez, a doença apareceu em fevereiro – e não em abril –, o que significa que serão mais dias de calor pela frente.
Para a operação de guerra, é esperada a participação de pelo menos mil militares do Exército. Eles não ficarão apenas em Ijuí – mas o número é cinco vezes maior se comparado ao que entrou em ação em Giruá.
Além de facilitar acesso a locais inóspitos, os militares serão importantes para ampliar as equipes de saúde. A intenção da SES é mapear as cidades onde ocorrerão os mutirões, dando prioridade a Ijuí, que precisa de mais equipes do que Giruá, em função do tamanho. Até o momento, 54 dos 496 municípios gaúchos identificaram a presença do mosquito.
Entre as outras estratégias previstas, está recriar a força-tarefa da prevenção à gripe A, com integrantes das secretarias da Saúde, Meio Ambiente e Educação, além da Defesa Civil e da Brigada Militar. Outra medida será aumentar o repasse de dinheiro. Para Ijuí, o Estado mandará verba para que postos de saúde fiquem abertos até as 22h. Cada unidade receberá um incentivo de R$ 6 mil mensais. O Estado ainda aumentará em 20% o repasse dos recursos de exames clínicos e laboratoriais, além da verba para internação. Cerca de 50 técnicos estarão mobilizados na região de Ijuí.
A prevenção tenta evitar que a dengue chegue à Região Metropolitana, o que poderia resultar em mais de 200 mil doentes e 20 mil hospitalizações, nos cálculos da Saúde.
(Por Juliana Bublitz, JC-RS, 24/02/2010)
*Colaborou José Luis Costa
Viagem a Ijuí
As autoridades de saúde recomendam evitar viagens à região. Se não houver alternativa, é importante seguir algumas dicas de prevenção:
- Use repelente e não se esqueça de reaplicá-lo constantemente
- Procure usar roupas compridas e sapatos fechados, de preferência com meia
- Em ambientes fechados, procure usar inseticidas domiciliares
- Evite transitar pelos bairros onde há focos de contaminação, especialmente o bairro São Paulo