Apesar de o surto da dengue estar restrito a Ijuí até o presente momento, a Secretaria Estadual da Saúde já trabalha com a possível expansão da doença no Rio Grande do Sul. De acordo com os dados apresentados na manhã de ontem pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), se a doença se expandir pela região Noroeste do Estado, 80 mil pessoas poderão ser infectadas. "Esse é o pior cenário, mas precisamos considerá-lo uma realidade, já que é difícil conter a propagação", afirmou o secretário estadual de Saúde, Osmar Terra. Ele prevê que a dengue deverá ser monitorada até o final de maio. "Até lá, não teremos tranquilidade."
Terra cobrou a necessidade da participação da comunidade para que as ações de combate à doença tenham resultado. "Se cada um não fizer a sua parte, será impossível vencer a dengue", afirmou. Ele reforçou o apelo lembrando que em Ijuí os levantamentos mostraram a baixa presença do mosquito transmissor. Após a confirmação dos primeiros casos, porém, foi encontrada uma área abandonada, no bairro São Paulo, com grande quantidade do Aedes aegypti.
Segundo o secretário, a prevenção é o melhor caminho para evitar a sobrecarga de atendimentos na rede básica de saúde. "Não poderemos mais fazer a identificação por amostragem. Teremos que visitar todas as casas e terrenos vazios. Peço que as prefeituras recorram à Justiça para ter acesso às áreas que estejam desocupadas e aplicar o veneno que elimina os focos do inseto", afirmou. Em relação a Porto Alegre, que está entre os 54 municípios que têm o mosquito transmissor da doença, Terra destacou a necessidade de dar atenção especial à região das ilhas do Guaíba.
Lembrando o caso de Giruá, que teve um surto de dengue em abril de 2007, o secretário disse que esse deve ser o exemplo de atuação. "Quando foi confirmada a doença, todas as secretarias do município, inclusive a de Educação e de Obras, atuaram para acabar com os focos da doença. Isso precisa se repetir agora", indicou Terra. Explicou, ainda, que a transmissão não ocorre de uma pessoa para outra, mas por meio de mosquitos infectados. Acrescentou que o amanhecer e o entardecer são os horários em que os mosquitos estão mais ativos. Cada mosquito pode picar até 20 pessoas por dia. Ele destacou que um dos fatores para o aumento da presença do inseto é a mudança climática. "Dias quentes e com chuvas são os ideais para a reprodução", alertou.
(Correio do Povo, 24/02/2010)