A Superintendência do Ibama do Amazonas continua trabalhando para a destinação dos felinos que estão no Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS). Atualmente, o Ibama mantém três espécimes de jaguatirica (Leopardus pardalis) e duas fêmeas de gatos mouriscos (Herpailurus yaguaroundi) nas dependências do Cetas da Superintendência e uma jaguatirica em outra unidade do Ibama, próxima a Manaus.
Além desses felinos, o Núcleo de Fauna Silvestre – Nufas/Ibama/AM está buscando também a destinação de um filhote de onça (Panthera onca), de aproximadamente dez meses, e de um gato maracajá (Leopardus weidii), ambos sob os cuidados de técnicos da Secretaria de Meio Ambiente e Turismo – Sematur, de Coari/AM, que entraram em contato com o Ibama para buscar destinação para os mesmos.
O histórico desses animais é bem semelhante. Geralmente, são vítimas de caçadores que muitas vezes matam a mãe e ficam com os filhotes até que esses, ao entrarem na fase adulta, ou mesmo quando ainda jovens, começam a apresentar comportamento mais agressivo e a dar mais despesas; a manutenção de felinos em cativeiro requer investimentos em infraestrutura de segurança e altos custos financeiros, principalmente devido à alimentação carnívora.
Além do problema decorrente da caça, os felinos são vítimas também de outros fatores que têm se refletido na diminuição dessas espécies na natureza. Denotam-se aqui a destruição do habitat natural por meio do desmatamento que dá lugar à agricultura e pecuária, além do preconceito e a desinformação; a maioria da população desconhece a importância dos felinos na natureza e só os vêem como ameaça. No entanto, como predadores de topo da cadeia alimentar, os felinos ajudam a regular os outros níveis tróficos e manter, direta ou indiretamente, o equilíbrio das populações de outros grupos de animais como mamíferos, aves, répteis e demais espécies presentes em suas áreas de ocorrência.
Hoje em dia existem trabalhos com sugestões de medidas práticas que podem ajudar na solução de problemas de ataque de felinos a criações domésticas e que demonstram que os prejuízos causados por onças e outros felinos a essas criações são pequenos quando comparados ao impacto das ações humanas sobre essas espécies.
Em 2009, o Cetas Ibama/AM registrou, entre resgates, apreensões e entregas espontâneas, sete felinos, além dos quatro animais remanescentes de anos anteriores. Um deles, uma onça parda, foi destinado ao Nex, em Corumbá de Goiás/GO, após quase três anos de manutenção no Cetas/Ibama/AM. Outros foram destinados a zoológicos e mantenedores de fauna silvestre, a maioria das regiões Sul e Sudeste.
A destinação desses animais não tem sido fácil. Os registros de capturas e resgates têm sido maiores que a disponibilidade de vagas nas entidades aptas a recebê-los e de novos registros de entidades de criação de animais em cativeiro. Por isso, é urgente a tomada de medidas educativas e de controle que previnam e impeçam a saída desses animais da natureza.
É importante ressaltar que diante desta realidade faz-se necessário o envolvimento e planejamento integrado de ações entre órgãos públicos do Sisnama, instituições de ensino e pesquisa, iniciativa privada, imprensa e sociedade, no sentido de se buscar caminhos para a conservação in situ e ex situ dessas espécies, especialmente na região amazônica, onde a ocorrência desses problemas tem sido acentuada. Ações como gerenciamento de “conflitos” entre gente e onça em áreas de ocorrência da espécie, campanhas educativas, apoio a pesquisas científicas sobre a biologia e comportamento das espécies, implementação de unidades de conservação e ações de monitoramento, controle e fiscalização podem colaborar na mitigação desse problema.
Tal envolvimento se faz necessário também para aqueles animais que se encontram em cativeiro, buscando-se assim o destino mais adequado para eles.
(Por Natália A. de Souza Lima, Ibama/AM, 23/02/2010)