Além de viver as consequências do acidente nuclear de Chernobyl, os sobreviventes da tragédia que vivem na Argentina ainda sofrem com a falta de apoio dos governos. Por causa disso, a Associação Civil de Migrantes e Refugiados da Europa Oriental (Oranta) convoca à sociedade a ajudar a essas pessoas.
De acordo com Oranta, o convênio binacional entre o governo argentino e o ucraniano "jamais se cumpriu". As vítimas nunca tiveram, por exemplo, acesso a cursos de idiomas, trabalho ou hospedagem prometidos pelos governos. "Nem sequer alguém foi esperar sua chegada no porto de Buenos Aires", afirma.
Segundo informações da organização, as vítimas afirmam que quando pediram ajuda à Comissão Nacional de Energia Atômica (CNEA) para lhes oferecer assistência médica radiológica, esta disse que não poderia, pois tal auxílio "evidenciaria os problemas associados a acidentes em centrais nucleares" e as pessoas pediriam o fechamento da central nuclear de Atucha, destinada à produção de energia elétrica argentina.
Muitas das vítimas que estão na Argentina eram profissionais de universidades, mas não conseguiram revalidar os títulos e, provavelmente, tampouco terão aposentadoria, pois o Estado não tem cumprido com a ajuda prometida. Hoje, vivem nas ruas argentinas ou trabalham como empregadas domésticas.
Na opinião da Oranta, os sobreviventes só têm conseguido viver na Argentina graças à solidariedade do povo. Mesmo assim, a ajuda ainda não é suficiente. Necessitam, por exemplo, de acesso à saúde e à educação.
De acordo com a Associação Civil, o maior problema dessas pessoas é a saúde. A radiação debilitou de maneira crônica e, por causa disso, precisam de check-ups simples regularmente. No entanto, "os horários nos hospitais são muito distantes e escassos".
Da mesma forma, a educação é uma demanda das vítimas. Os cursos de idiomas, por exemplo, ocorrem somente às quartas-feiras, durante duas horas e em uma sala emprestada. Pessoas que ajudem a redigir projetos de assistência sanitária e de idiomas às vítimas de Chernobyl na Argentina e apresentá-los em locais que queiram ajudar serão bem-vindas na organização.
(Adital, 23/02/2010)
Mais informações em: www.oranta.org.ar