A aparição repentina do surto de dengue em Ijuí, segundo o diretor do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Francisco Paz, tem pelo menos três explicações, que se complementam.
A primeira delas é a existência prévia de mosquitos transmissores da doença na cidade. Já em 2007, quando houve o último grande surto da enfermidade no Estado, Paz afirma que se constatou a presença do inseto em Ijuí. Embora iniciativas tenham sido tomadas para conter a reprodução das larvas, elas voltaram a se proliferar com rapidez nas últimas semanas.
Desde janeiro, teve início a demolição de uma série de casebres para dar lugar a três blocos de prédios residenciais, que a prefeitura pretende entregar aos moradores até o fim do ano. O problema é que a derrubada das antigas casas terminou, mas, no lugar delas, restou lixo e entulho.
– O que ficou para trás se tornou um criadouro em potencial – diz Paz.
Telhas, táboas, tijolos e outros resquícios da demolição foram recolhidos, mas os moradores acabaram usando o espaço para depositar resíduos – desde pneus até garrafas plásticas. Como nas últimas semanas houve uma combinação intensa de calor e umidade, explica o secretário municipal da Saúde, Claudiomiro Pezzetta, as larvas se reproduziram rapidamente, e os mosquitos tomaram conta da região. O desafio, agora, é conter esse avanço.
O bom exemplo de Giruá, que venceu a dengue
Em abril de 2007, uma cidade do noroeste do Estado viveu o sobressalto que Ijuí está experimentando agora – e venceu. Naquele ano, Giruá tornou-se o primeiro município gaúcho a registrar casos de dengue contraídos dentro de seus próprios limites. A doença afetou mais de 200 pessoas entre os 18 mil habitantes. Trinta dias depois, no entanto, estava domada.
– Foi o caso de controle mais rápido da dengue no país – garante Valdemar Fonseca, que ocupava o cargo secretário municipal de Saúde.
A receita de Giruá inclui agir com rapidez, mobilizar toda a comunidade e fazer um trabalho voltado às áreas onde os casos apareceram. Ele lembra que a cidade soube do surto em uma quarta-feira. No sábado, estavam envolvidos associações de moradores, escolas, igrejas e até CTGs, que ganharam as ruas a cavalo para combater o Aedes.
(Zero Hora, 23/02/2010)