O Irã anunciou nesta segunda-feira que pretende iniciar em março a construção de duas novas usinas de enriquecimento de urânio, que ficariam escondidas dentro de montanhas para evitar ataques aéreos.
O anúncio foi feito por Ali Akbar Salehi, diretor da Organização Iraniana de Energia Atômica (OIEA), pouco depois de o general David Petraeus, comandante das forças americanas no Iraque e no Afeganistão, ter afirmado que os Estados Unidos adotarão, de agora em diante, "a via da pressão" para evitar que o Irã continue com o seu programa nuclear.
"Se Deus quiser, será possível começar no próximo ano iraniano (que começa em março)a construção de duas usinas de enriquecimento, por ordem do presidente Mahmoud Ahmadinejad", afirmou Salehi.
"Cada uma das duas usinas terá a mesma capacidade que a usina de enriquecimento de Natanz", indicou. A planta de Natanz, a única capaz de enriquecer urânio no Irã atualmente, pode operar com até 50 mil centrífugas.
"Queremos utilizar novas centrífugas nas duas plantas", acrescentou Salehi, afirmando que as novas usinas serão construídas "no coração das montanhas, para serem protegidas de qualquer ataque".
Em novembro, Ahmadinejad revelou que o Irã pretende construir dez novas usinas de enriquecimento de urânio. A informação foi anunciada após os protestos das potências negociadoras do programa nuclear contra a construção, em segredo, da segunda usina de enriquecimento perto da cidade sagrada xiita de Qom.
O chefe das Forças Armadas dos EUA, o almirante Mike Mullen, disse que um eventual ataque contra o Irã não seria "decisivo", por si só para conter o programa nuclear iraniano, apoiando o uso da pressão diplomática e econômica contra o regime.
O porta-voz do departamento de Estado dos EUA, Philip Crowley, afirmou que o anúncio sobre a construção das duas novas usinas "é uma prova de que o Irã se nega a cooperar com a AIEA", a Agência Internacional de Energia Atômica, subordinada à Organização das Nações Unidas (ONU). As informações são da Dow Jones.
(Agência Estado, JC-RS, 23/02/2010)