Na audiência pública realizada dia 18 de fevereiro, em Mutum Paraná, Rondônia, a empresa Enersus, dona da obra, e o Ministério Público Federal se negaram a participar e se omitiram da responsabilidade de resolver a situação de centenas de famílias que não sabem do seu destino depois da construção da Usina Hidrelétrica de Jirau.
O Movimento dos Atingidos por Barragens denuncia que a Enersus colocou seus funcionários para intimidar as mais de 200 famílias na tentativa de impedir que participassem da reunião e discutissem sobre seus direitos. Apesar disso, os atingidos não se intimidaram e compareceram em grande número.
A Enersus é responsável pelo programa de remanejamento da população atingida, mas não atende a vontade popular de resolver as situações pendentes quanto às indenizações e à realocação. Quando são indenizados, os ribeirinhos recebem casas de placas nas agrovilas. Dezenas dessas casas já caíram, mesmo antes de serem ocupadas. "É um modelo que para realidade da Amazônia não serve, pois a região é muito quente e será insuportável viver nelas, além do mais, a qualidade dessas casas é péssima e nós não queremos morar nesses lugares", declarou uma moradora.
Outra reclamação dos moradores da região é o aumento do número de casos de violência onde são construídas as barragens. Além de assassinatos, houve o aumento dos casos de prostituição, alcoolismo e pontos de drogas. “Todos esses problemas vêm junto com as barragens e quem mais sofre é a população local que perdeu o sossego”, disse uma liderança local.-
(Mab, 21/02/2010)