As potências ocidentais que negociam com o Irã sobre o controvertido programa de enriquecimento de urânio da República Islâmica mostraram-se preocupadas com a falta de cooperação do país com a Agência Internacional para a Energia Atômica (Aiea), que redigiu um relatório denunciando graves suspeitas de que o projeto nuclear iraniano tem fins militares. A agência atômica da ONU teme que o Irã esteja em condições de produzir sua própria sua ogiva nuclear.
O ministro de Assuntos Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, disse que Moscou está preocupada com a falta de transparência. "Preocupa-nos muito que o Irã se negue a cooperar com a Aiea e não podemos nos resignar a isso", disse. Lavrov acrescentou que Rússia e EUA têm a mesma posição no que se refere à não proliferação de armas nucleares, mas diferentes enfoques de como ela deve ocorrer, em particular em relação ao Irã. "Não concordamos 100%". O porta-voz da Chancelaria russa, Andrei Nesterenko, lembrou que existe a possibilidade de sanções caso o país não coopere.
A Alemanha também expressou sua "grande preocupação" com Aiea. O porta-voz do governo alemão, Ulrich Wilhelm, ressaltou que é possível constatar apenas que as autoridades de Teerã continuam sem colaborar na medida do necessário com a agência da ONU. A França se disse disposta a atuar com determinação para responder à falta de cooperação do Irã. O governo dos EUA afirmou que o Irã falhou com suas obrigações internacionais. O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que haveria consequências se o Irã continuar a ignorar seus compromissos. O aiatolá Ali Khamenei, guia supremo do Irã, negou que o país tenha a intenção de produzir arma atômica.
(Correio do Povo, 21/02/2010)