Um estudo publicado este mês na revista Science of the Total Environment mostra que mesmo pequenas quantidades de arsênio presentes no solo aumentam a incidência e prevalência de demências como a doença de Alzheimer. O estudo conduzido por Sergio Dani, do Instituto Medawar de Paracatu, é uma meta-análise dos dados do levantamento geológico de arsênio feito pelo projeto FOREGS, juntamente com os dados de incidência e prevalência de demências fornecidos pelo estudo de Delphi e os dados de mortalidade e morbidade da Organização Mundial da Saúde (OMS) para países da Europa. A partir de 7 ppm (partes por milhão) de arsênio no solo aumenta exponencialmente a prevalência de demência, informa Dani.
O número de publicações científicas sobre arsênio tem aumentado em um ritmo maior que o das publicações sobre mercúrio, cádmio e chumbo, considerados os principais poluentes metálicos. O aumento do número de publicações sobre arsênio reflete a gravidade da contaminação ambiental e os riscos da exposição crônica a este metalóide. A exposição crônica ao arsênio causa diversas doenças, como câncer, diabetes, doenças vasculares e demências.
Paracatu e Nova Lima, em Minas Gerais, são as cidades brasileiras mais contaminadas por arsênio, em decorrência da mineração de ouro nestas cidades. Enquanto países como Canadá não permitem contaminação dos solos por arsênio acima de 5 ppm, em alguns bairros de Paracatu e Nova Lima a concentração de arsênio nos solos chega a 13000 ppm. Em Paracatu, a responsável pela contaminação é a empresa canadense RPM/Kinross, que conta com o apoio de um punhado de autoridades governamentais brasileiras.
(Por Por Instituo Serrano Neves, Instituto Serrano Neves/EcoAgência, 19/02/2010)