O Sindicato dos Trabalhadores Químicos e Papeleiros do Estado (Sinticel) tenta, há cerca de um mês, um acordo salarial com a ex-Aracruz Celulose (atual Fibria), que propôs cortar benefícios dos trabalhadores em troca de um abono de R$ 2 mil. Os empregados não aceitam a proposta e a empresa é irredutível, dizendo que é a proposta final.
O presidente do Sinticel, Artur Duarte, diz que a empresa chamou o sindicato para uma mediação na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE). No entanto, não quis discutir os termos do acordo, e sim propor que o sindicato promovesse assembleias com os trabalhadores, na tentativa de fazê-los aceitar os termos da proposta. Na reunião, a data-base da categoria foi estendia até o dia 28 deste mês.
Artur não ficou satisfeito com a proposta e afirmou que vai consultar o departamento jurídico do sindicato para decidir se as assembleias vão acontecer. Afirmou, ainda, que durante o carnaval as assembleias dos turnos devem ser mantidas.
A transnacional insiste na proposta de um abono de R$ 2 mil em troca da redução dos benefícios com saúde, abono de férias e seguro de vida. A única modificação proposta pela sucessora da Aracruz foi não alterar o plano odontológico por três anos e só começar a cobrança pelo plano de saúde em 1 de julho, em vez de 1 de abril.
Desde que houve a fusão entre a Aracruz e a Votorantim Celulose e Papel (VCP), os trabalhadores acumularam diversos prejuízos, como perda de 150 postos de trabalho, depois da demissão de empregados, em abril de 2009.
Foi também extinta a gratificação em dinheiro para empregados a partir de dez anos e eliminou-se o ônibus do turno de Vitória, prejudicando diversos trabalhadores. E ainda extintos os planos de previdência privada da empresa e a aposentadoria vitalícia em caso de acidente e invalidez permanente.
O presidente do Sinticel acrescenta que a possibilidade de uma greve dos papeleiros não está descartada. Se for deflagrada, esta será a primeira paralisação da categoria. A atual diretoria do Sinticel, diferentemente de diretorias anteriores, não promove acordos que só beneficiem a empresa.
As antigas lideranças do sindicato costumavam tomar decisões que beneficiavam diretamente a empresa, em detrimento dos empregados. Ela foi responsável, inclusive, por promover violência contra índios, liderada pelo próprio presidente da época, Davi Gomes, em 2006.
(Por Lívia Francez, Século Diário, 16/02/2010)