A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou ontem (11/2) a liberação comercial de uma levedura transgênica que permite a produção de diesel usando a cana-de-açúcar.
Em sua primeira reunião plenária após a mudança do comando, o órgão também aprovou o uso comercial de duas espécies de soja produzidas pela transnacional Bayer, resistentes ao agrotóxico glufosinato de amônio.
Também houve a liberação de duas vacinas veterinárias transgênicas. Com isso, sobe para oito o número de vacinas aprovadas para liberação comercial pela comissão, formada por 27 integrantes.
A reunião de ontem foi conduzida pelo novo presidente do colegiado, o pesquisador da Embrapa Edilson Paiva, que integra a ala majoritária pró-transgênicos e já se manifestou a favor da liberação comercial do arroz geneticamente modificado.
Com o sinal verde da CTNBio, a Usina Boa Vista, instalada na cidade goiana de Pirenópolis, deve concluir a construção de uma linha de produção de diesel feito da cana. A expectativa é que, em 2011, sejam fabricados 2 milhões de toneladas do produto, que, a exemplo do etanol, é menos agressivo ao meio ambiente do que o combustível fóssil.
A aprovação também deve acelerar a negociação com outras usinas interessadas no desenvolvimento do novo produto. Até agora, nenhum país no mundo produz comercialmente o diesel de cana.
A levedura é um fungo, amplamente usado na produção de vinhos, cachaça e fermento de pão. A espécie aprovada ontem teve seu DNA modificado, o que a torna agora capaz de produzir um precursor do diesel, o farneseno. "A liberação aumenta a relação de produtos derivados da cana. Agora, além de açúcar, etanol também servirá de matéria-prima para o diesel e outros produtos para indústria química", diz Luciana. Nessa lista estão, por exemplo, lubrificantes.
O desenvolvimento da levedura transgênica é o desdobramento de um outro projeto, iniciado em 2004 para a produção de um medicamento para combater a malária, feito com uma planta chamada artemísia.
Para o projeto de diesel, a empresa recebeu, em apenas um ano, US$ 100 milhões de vários fundos de capital de risco. Entre eles, investimentos da Votorantim Novos Negócios.
Além do diesel de cana, a Amyris está desenvolvendo um querosene para aviação, também a partir da cana-de-açúcar. Há acordos para o uso do produto com a Força Aérea Americana, a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e a companhia Azul, que deverá fazer testes com o novo combustível em 2012.
(MST, com informações de O Estado de São Paulo, 12/02/2010 )