A combinação de chuva intensa e queda de temperatura impõe um novo desafio à produtividade do arroz no Estado. Depois da precipitação em excesso verificada nos meses de novembro de 2009 e janeiro deste ano, que comprometeram o plantio e reduziram a colheita em 1 milhão de toneladas, agora são os termômetros abaixo dos 20°C que ameaçam ampliar a quebra.
Tem sido esse o cenário nas regiões da Campanha e da Fronteira Oeste, onde a precipitação chegou a 150 milímetros nos últimos três dias, conforme o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz), Renato Rocha. Apreensivo com o risco de uma redução ainda maior no volume da safra que começará a ser colhida nas próximas semanas, o dirigente acredita que a situação possa levar à constituição de um mercado mais favorável ao produtor na hora da comercialização dos grãos.
Com menor oferta, projeta Rocha, a tendência é de ajuste dos preços, elevando o valor pago ao produtor pela saca. "Tivemos aumento de custo nesta safra. Em áreas replantadas, chegamos a R$ 39,00 por saca. Então, o preço ideal não pode baixar de R$ 30,00 ao longo de todo o ano, para que não tenhamos prejuízo", afirma o dirigente.
Ontem, o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) divulgou levantamento ratificando projeção feita ainda no começo do ano, de redução na colheita em função do El Niño. Segundo a autarquia, houve perda de 3,93% sobre os 1.084.408 hectares cultivados. Entre as áreas mais afetadas estão os municípios de Agudo, Cachoeira do Sul e Restinga Seca, na região da Depressão Central, que estimam perdas iguais ou superiores a 50% na produção final da cultura em virtude das chuvas.
(Correio do Povo, 17/02/2010)