O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, sigla em inglês) estimou por cima quanto da superfície da Holanda está abaixo do nível do mar, segundo um relatório preliminar divulgado anteontem.
O IPCC reconhece que um relatório de 2007 reporta, de forma errada, que 55 por cento do país está abaixo do nível do mar, uma vez que esta percentagem inclui áreas acima do nível do mar e as áreas sujeitas a inundações ao longo dos rios. Em causa está esta frase incluída no relatório: “A Holanda é um exemplo de um país altamente susceptível tanto ao aumento do nível do mar como a inundações causadas pelas águas dos rios porque 55 por cento do seu território está abaixo do nível do mar”. Uma nota do IPCC datada de 12 de Fevereiro refere que a frase deveria ter terminado assim: “... porque 55 por cento da Holanda sofre riscos de inundações”.
A Agência holandesa de Avaliação Ambiental, a fonte original dos dados errados, disse a 5 de Fevereiro que apenas 26 por cento do território está abaixo do nível do mar e que 29 por cento é susceptível a inundações dos rios.
Além disso, o IPCC salienta que não foi o único a errar e cita um relatório do Ministério holandês dos Transportes, que fala em “cerca de 60 por cento” - de território abaixo do nível do mar – e outro da Comissão Europeia, que fala em “metade”.
As Nações Unidas garantem que os erros no relatório de 2007, com três mil páginas, não afectam as conclusões centrais de que as actividades humanas, nomeadamente a queima de combustíveis fósseis, estão a aquecer o planeta.
“A estatística sobre o nível do mar foi utilizada apenas como contextualização. A informação actualizada continua a ser consistente com as conclusões gerais”, comentou o IPCC na nota.
Os cépticos afirmam que os erros só vieram expor o desleixo e o excesso de confiança na “literatura cinzenta”.
Os relatórios do IPCC são a principal orientação para os governos que trabalham na luta contra as alterações climáticas.
No mês passado, o painel pediu desculpas e admitiu que o relatório de 2007 exagerou no ritmo de degelo dos glaciares dos Himalaias.
(Reuters, Ecosfera, 16/02/2010)