Mesmo com forte recusa da população de Islay, no Peru, os projetos de mineração Tía María e La Tapada deverão ser autorizados pelo Governo Nacional. Além dos graves problemas ambientais e de saúde, as atividades mineiras vão afetar a agricultura e a pesca, principais campos de trabalho da população da província.
Para barrar a continuidade das negociações, autoridades locais e organizações populares estão organizando ações de mobilização, protesto e denúncia nas cidades de Arequipa e Lima. A primeira ação, uma marcha a Lima, foi realizada ontem (10) pelos moradores de Islay contra a implantação do projeto Tía María.
Os manifestantes estão solicitando que a Audiência Pública marcada para o dia 15 deste mês, em Islay, seja suspensa de imediato. Na ocasião, a Southern Perú Copper Corporatio, responsável pelos projetos, pretende apresentar o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) das obras e explicar como espera conseguir os sete milhões de metros cúbicos de água necessários para realizar as atividades.
Em entrevista à Coordenadora Nacional de Rádio (CNR), o presidente da Frente de Luta de Cocachacra, Julio Gutiérrez, afirmou que por meio de diversas entidades obteve a informação de que o EIA que será apresentado foi "arranjado" e que a utilização da água para a atividade mineira acarretará na morte do Vale Del Tambo.
Gutiérrez acrescentou que na localidade "respira-se um ambiente de convulsão social que não garante o desenvolvimento do evento". Situação que se deve à "arrogância" da empresa após a consulta prévia com a população, realizada em setembro do ano passado, quando 91% disse não ao projeto Tía María.
Após manifestações contrárias aos projetos, os representantes da empresa Southern demonstraram predisposição à suspensão da audiência pública sobre o EIA do projeto Tía María. O presidente Executivo da empresa, Oscar González Rocha, afirmou que a Southern não têm inconveniente em suspender a audiência, desde que sejam concedidas garantias para o diálogo. Para que a Audiência Pública seja desmarcada é necessário que a empresa faça a solicitação formalmente.
Em reunião realizada na última segunda-feira (8), em Islay, entre o Ministério de Energia e Minas e o prefeito de Cocachacra, Juan Guillén López, foi deliberado que o Ministério deverá convocar uma nova reunião entre as autoridades das localidades afetadas pelas atividades e os representantes da Southern para que se chegue a um acordo final. Na ocasião, Guillén López afirmou que não se pode descartar a opinião de 91% da população que é contrária às obras.
Outra reunião deverá acontecer na próxima semana. Contudo, nesta ocasião apenas estarão presentes dirigentes, representantes de Islay e congressistas. O governo regional de Arequipa, convocante da reunião, pretende saber, antes do próximo encontro com o Ministério de Energia e Minas, o posicionamento definitivo da sociedade civil e de seus representantes.
(Por Natasha Pitts, Adital, 11/02/2010)