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passivos da mineração política ambiental da índia
2010-02-12 | Tatianaf

As montanhas de Niyamgiri, em Orissa, um extraordinário local de beleza natural com uma altura de mais de cem metros, albergam uma das florestas úmidas mais prístinas e densas na região e as nascentes do rio Vamshadhara e dos principais afluentes do rio Nagaveli. É também o local mais sagrado dos Dongria -literalmente ’povo da montanha’-, uma minguada parte dos Kondh, que têm habitado as florestas do leste da Índia durante vários milhares de anos.

Os Dongria Kondh dependem da montanha para seu sustento: cultivam as ladeiras com lavouras no meio da floresta. As hortas no alto das encostas exigem um trabalho duro; um homem pode levar 10 dias lá para proteger as valiosas lavouras dos elefantes, javalis e macacos ladrões, afastando-os com canções tribais e batidas de tambores. Eles obtêm uma receita da venda no mercado local de frutas silvestres, flores e folhas coletadas na floresta.

A floresta de Niyamgiri é ecologicamente vital para todo o ecossistema montanhoso já que possibilita a existência de inúmeros cursos d’água e de exuberantes florestas que sustentam os Dongrias e permitem seu desenvolvimento. A montanha também tem ricos depósitos de minério de alumínio- o que se tornou uma maldição para a montanha e para os povos que dela dependem já que seu futuro está em jogo devido aos interesses da mineração.

O repórter Peter Foster (1), que visitou o povoado dos Dongria e ouviu suas reclamações, escreveu que “a escavação das Niyamgiris será uma catástrofe social e ambiental, dizem, porque destrói os rios e arroios dos quais dezenas de milhares de pessoas dependem para irrigarem suas lavouras, polui os rios com a tóxica ’lama vermelha’ que é um subproduto da fabricação do alumínio e- ainda mais importante, conforme os antropólogos- extermina os Dongria Kondh, que veneram suas montanhas sagradas às quais deram o nome de seu deus, Niyamraja.”

A mineração nas montanhas de Niyamgiri pode representar um genocídio para os Dongria. Conforme o antropólogo Felix Padel, citado por Peter Foster, “’Os Dongria são um povo de montanha, reassentá-los na planície é uma forma de etnocídio. Eles vivem nas montanhas, eles veneram as montanhas, eles sobrevivem das montanhas. As montanhas de Niyamgiri não são apenas um local para os Dongria viverem, mas sim a própria essência do que eles são. Reassentá-los é destruí-los.’ Um ancião do povoado visitado pelo repórter disse: ’Não podemos ir embora. As montanhas são o que nós somos’

O destino de um povoado Dongria reassentado- Sakata- assoma como uma triste premonição. Foster explica que as pessoas receberam casas de concreto e terras para cultivarem lavouras, “mas ainda não fizeram nada com o presente do governo. Quase todos os homens do povoado morreram em decorrência de beberem o forte licor local, que é muito mais forte que o vinho de sagu próprio de sua tradição. Um assistente social local disse, ’Acabado o vínculo com a floresta, os homens do povoado receberam dinheiro suficiente como jornaleiros para beberem até a morte’”

Mesmo que a Corte Suprema tenha proibido a Vedanta- empresa maioritariamente nas mãos do bilionário indiano que reside em Londres Anil Agarwal- da mineração nas montanhas, a avidez por matéria-prima levou à empresa a acolher a Sterlite Industries, subsidiária indiana da Vedanta. Em agosto de 2008, a Sterlite ganhou luz verde para a extração nas terras altas dos Dongrias seguindo determinadas diretrizes.

A empresa tentou construir estradas até o local. Contudo, no dia 27 de janeiro, os Dongria e outras tribos Kondh embrenharam-se nas densas florestas a fim de criar um muro humano de 17 km de longitude ao pé da montanha de Niyamgiri para bloquear as estradas e afastar a empresa inglesa da montanha sagrada.

Conforme a Survival International, algumas notícias apresentaram um número de mais de 10.000 homens e mulheres da área de Niyamgiri em Orissa que participaram do protesto. Os lemas dos cartazes que os manifestantes levavam eram ’Vedanta, vá embora’ e ’Chega de mineração em Niyamgiri’.

Foi a segunda maior passeata em dez dias: no dia 17 de Janeiro mais de 7.000 manifestantes se dirigiram aos portões da refinaria de alumínio da Vedanta na cidade vizinha de Lanjigarh. (2)

Se a mina vingar, a totalidade de um mundo antigo pode ser destruído. Foster cita Bijaya Kumar Baboo, que tem trabalhado com as tribos de Orissa desde a escassez de arroz na década de 80: “Os Dongria têm vivido de tão pouco durante tanto tempo sem destruir seu mundo. E, mesmo assim, nós estamos destruindo nosso mundo a um ritmo insustentável. Antes de os Dongria deixarem de existir, não deveríamos perguntar-nos se temos alguma coisa para aprender deles?”

(OngCea, 11/02/2010)

 


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