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2010-02-11 | Tatianaf

Cientistas procuram um novo modelo para o IPCC: Falhas que abalaram a credibilidade do painel perante a opinião pública levam a novas propostas. Um fluxo contínuo de pequenos erros está pondo em evidência o que cientistas chamam de “o elo mais fraco” na série de relatórios da ONU sobre o aquecimento global.

As falhas – e a erosão que elas vêm causando na confiança do público – estão fazendo com que alguns cientistas peça, mudanças drásticas em como os próximos relatórios serão elaborados. Uma manifestação pela reforma está sendo publicado na edição desta semana da revista científica Nature, e se soma ao clamor crescente pela renúncia do presidente do painel Intergovernamental para a Mudança climática, o IPCC. Reportagem da Associated Press.

O trabalho do IPCC costuma ser descrito como um único tratado maciço, mas na verdade é composto por quatro relatórios separados, escritos em momentos diferentes e por diferentes equipes de cientistas.

Nenhum erro foi evidenciado até agora no primeiro e mais conhecido dos relatórios, que afirma que a causa humana do aquecimento da atmosfera e da elevação do nível do mar é inegável. Até agora, quatro erros foram detectados no segundo relatório, que tenta explicar as consequências práticas do aquecimento da Terra.

“Muito do material lá simplesmente não era muito bom”, disse Kevin Trenberth, chefe do Centro nacional de pesquisa Atmosférica e principal responsável pelo primeiro relatório. “Um problema crônico é que toda a área de impactos, entrando no campo da ciência social, é uma ciência mais leve. Os fatos não são tão bons”.

Esta tem sido uma temporada desoladora para os cientistas do clima, depois do auge atingido em 2007, com a conquista do Prêmio Nobel da Paz.

Em novembro, o vazamento de e-mails particulares do centro de estudos do clima de uma universidade britânica embaraçou diversos cientistas, ao expor manobras para isolar céticos do aquecimento global. Em dezembro, a cúpula de líderes mundiais em Copenhague, na Dinamarca, falhou em estabelecer metas para o corte de emissões dos gases do efeito estufa. E, mais recentemente, uma série de erros foi encontrada no segundo relatório de 2007.

Esse segundo texto, que examina os efeitos atuais do aquecimento global e prevê efeitos futuros para povos, plantas, animais e a sociedade, às vezes se baseia em dados fornecidos por governos ou mesmo por ONGs, e não em pesquisas científicas que passaram por revisão pelos pares.

Nove especialistas ouvidos pela Associated Press disseram que o segundo relatório – por conta da natureza dos temas que examina – não se apoia em padrões tão altos, ou em referências tão sólidas, quanto o primeiro. E citaram problemas de comunicação entre os autores dos diferentes relatórios como um complicador do processo de revisão e correção.

Na Nature, quatro autores do IPCC pedem uma reforma do processo de elaboração dos relatórios, chegando a sugerir a substituição do painel por um esforço nos moldes da Wikipedia. Outro autor, também na Nature, diz que as regras atuais do IPCC são boas, mas seu cumprimento precisa ser melhor fiscalizado.

Em resposta, Chris Field, da Universidade Stanford e o novo líder da equipe que elaborará a próxima versão do segundo relatório, disse que acolhe a vigilância e a imposição mais dura das regras sobre checagem de dados para a eliminação de erros. A próxima rodada de avaliações do IPCC tem início marcado para 2013.

(Associated Press, no Estadao.com.br, EcoDebate, 11/02/2010)


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