Milicianos pró-regime reagem à pressão europeia junto à embaixada da Itália em Teerã
O Irã iniciou ontem o processo de enriquecimento de urânio a 20% na usina nuclear de Natanz, em um claro desafio às potências do Ocidente. Estados Unidos, União Europeia e Rússia também deram claros sinais de que uma resolução com novas sanções do Conselho de Segurança da ONU contra o Irã pode estar próxima.
A decisão iraniana viola as atuais resoluções do Conselho de Segurança. Em novembro, a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) havia oferecido a Teerã o envio ao exterior de seu urânio a 3,5% para depois recuperá-lo enriquecido a 20%, nas condições necessárias para manter em operação seu reator médico em Teerã.
Um novo pacote de sanções contra o Irã depende da maioria dos votos dos membros do Conselho, do qual o Brasil faz parte, e da aprovação dos cinco membros com poder de veto (China, Rússia, EUA, França e Reino Unido). Em Washington, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que seu governo está elaborando um "grande regime de sanções" contra o Irã. A chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton, igualmente reiterou a disposição do bloco europeu de tomar as "medidas necessárias" contra as provocações iranianas.
A Rússia também levantou dúvidas sobre o programa nuclear de Teerã, enviando um sinal mais forte de que poderia ceder à pressão ocidental. Entre as grandes potências, só a China tem se mantido inabalável na oposição a novas sanções.
Membros da milícia pró-governo iraniana Basij, vestidos de preto, atiraram nesta terça-feira pedras e ovos contra o prédio da embaixada italiana em Teerã e gritaram "Morte à Itália" e "Morte à Berlusconi". Os manifestantes também realizaram protestos na frente das embaixadas da França e da Dinamarca.
(Correio do Povo, 10/02/2010)