Brasileiro afirmou ter sido condenado a pagar R$ 2 milhões por prejuízos
Meio ano depois de vir à tona, o caso de envio de lixo europeu irregular para o Rio Grande do Sul e outros Estados ganhou um novo capítulo na Justiça britânica. Suspeito de envolvimento na remessa da carga, o brasileiro Júlio Cesar Rando da Costa contou ter sido condenado a pagar R$ 2 milhões para ressarcir despesas com a devolução do material à Grã-Bretanha. Ele nega o envio ilegal do material.
Ocaso se tornou público em julho do ano passado, quando autoridades nacionais encontraram, nos portos de Rio Grande e Santos, lixo doméstico e hospitalar, como fraldas e seringas, em um carregamento de plástico para reciclagem vindo do Reino Unido.
– Nunca pus a mão nisso, nunca carreguei nada disso – afirma Costa, 49 anos.
Na época, ficou acertado que a transportadora da carga, a Mediterranean Shipping Company (MSC), seria responsável por levar o material irregular de volta ao Reino Unido. Só que a empresa entrou na Justiça para cobrar esses custos da Worldwide Biorecyclables, que pertencia a Costa.
Grã-Bretanha ainda investiga a remessa dos contêineres
O brasileiro afirma que sua companhia era responsável por receber, separar e prensar o lixo plástico encaminhado pelos fornecedores – o órgão de administração municipal de Swindon, cidade no sul da Inglaterra, onde mora, e o grupo Hills Waste Solutions. Após esse trabalho, o material era recolhido da porta de sua empresa pela trading FWD Freight Services, que se encarregava do restante do negócio.
– Nunca fiz transporte nenhum, nunca contratei ninguém para fazer transporte, nunca paguei ninguém para fazer transporte e nunca recebi nada por transporte – diz.
Durante o caso, o brasileiro diz que tomou conhecimento de que sua empresa aparecia na documentação referente ao material como a responsável pela contratação dos navios e dos contêineres, e por isso foi processado.
– Agora querem me cobrar as estadias dos contêineres no Brasil, as multas que tiveram no Brasil e os fretes de ida e volta, dizendo que eu era o responsável pelo transporte.
Como o caso é comercial, Costa diz que não teve direito a um advogado público e, por isso, não conseguiu se defender. Agora, ele busca ajuda jurídica para tentar reverter a decisão do juiz. O ex-empresário questiona o fato de ter sido condenado em um caso comercial antes de o governo da Grã-Bretanha ter encerrado a investigação sobre o assunto.
Londres
Entenda o caso
- Em julho, a Polícia Federal de Rio Grande abriu inquérito para apurar a situação de dezenas de contêineres, embarcados em Felixstowe, na Grã-Bretanha, e que deveriam conter polímeros de etileno (aparas de plástico para reciclagem), mas estavam cheios de lixo urbano.
- Trazida entre fevereiro e maio, em diferentes navios, a carga foi entregue no porto paulista de Santos e no superporto de Rio Grande.
- Antes da descoberta do conteúdo, oito contêineres haviam sido transportados, de carreta, de Rio Grande para o porto seco de Caxias do Sul, na Serra.
- Com a repercussão internacional do caso, a carga começou a voltar para Felixstowe em agosto.
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(Zero Hora, 10/02/2010)