Levantamento de safra da Conab evidencia consequências do El Niño na produção gaúcha, que está em processo de colheita
Soja e milho saem ganhando. O arroz, perdendo. O clima tem sido mocinho e vilão para a produção agrícola do Rio Grande do Sul. Os efeitos da chuva nas lavouras ficam evidentes nas estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgadas ontem.
Com expectativa de alta de 17,6% em relação à safra passada, a soja se beneficiou com o El Niño, que manteve o regime de precipitações maior do que o habitual, em certas regiões. Agora, no momento de floração e enchimento do grão, o clima deve seguir ajudando. Segundo o 8º Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia, fevereiro promete ser de chuva regular.
– Precisamos de chuva esporádica para manter a umidade de solo e encher o grão – diz o gerente técnico estadual da Emater-RS, Flávio Calcanhoto.
Para a Federação da Agricultura do Estado (Farsul), o otimismo apontado no estudo é prematuro.
– É um ano atípico, com atraso muito significativo no início do plantio, o que retardou a cultura da soja. A realidade de definição de produtividade vai ser a partir de agora – sustenta o coordenador da Comissão de Grãos da entidade, Jorge Rodrigues.
No arroz, as notícias continuam ruins no campo. Mas, para amenizar os estragos, o Ministério da Agricultura reforçou a promessa de ajuda. Segundo o ministro Reinhold Stephanes, em até 30 dias deverá ser liberada uma linha de crédito para socorrer agricultores atingidos pela chuva intensa, já que a estimativa de quebra da safra passou de 8%, em janeiro, para 13,3%. Segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), deve se perder 1 milhão de toneladas no Rio Grande do Sul.
Caso a quebra de safra se confirme, o prejuízo ao produtor deve ficar entre R$ 600 milhões e R$ 650 milhões, conforme o Irga. Stephanes prevê um prejuízo de R$ 1 bilhão, incluindo também o trigo do Paraná.
(Por Guilherme Neves, Zero Hora, 10/02/2010)
*Colaboraram Marina Lopes e Silvana Castro