Mais de mil animais são mortos por acidente todos os anos durante pesca de emalhe
O Rio Grande do Sul foi contemplado entre os 21 projetos de conservação da biodiversidade brasileira que a Fundação O Boticário de Proteção à Natureza irá apoiar em 2010 e 2011. Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e do Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA) buscam alternativas para salvar as toninhas mortas durante a pesca de emalhe na Costa do Rio Grande do Sul. Várias centenas ou, algumas vezes, mais de mil animais da espécie morrem todos os anos devido à captura acidental.
O projeto vai mapear os locais em que a atividade pesqueira coincide com as áreas de maior presença de toninhas e propor medidas de ordenamento pesqueiro em conjunto com as partes envolvidas, incluindo governo e instituições não-governamentais. Serão doados para os 21 estudos R$ 600 mil, distribuídos ao longo do período de duração dos projetos, que varia entre um e dois anos.
A toninha é uma espécie de golfinho característica da costa do Atlântico Sul e, possivelmente, a espécie de cetáceo mais impactada por atividades pesqueiras. Por ser um mamífero, a toninha precisa ir até a superfície para respirar e, quando fica presa na rede, não consegue ir para a superfície e acaba morrendo.
“A identificação de como ocorre a morte das toninhas e informações da distribuição das capturas e dinâmica das pescarias podem permitir a obtenção de cenários objetivos para o manejo da atividade pesqueira e conservação da espécie”, diz o Dr. Eduardo Secchi, do Instituto de Oceanografia da FURG.
Na tentativa de capturar mais pescado, perante um cenário de colapso dos recursos pesqueiros, o tamanho das redes vem aumentando ao longo dos anos, afetando diretamente as toninhas. Hoje, as redes usadas nas pesca de emalhe têm cerca de 20 quilômetros, sendo que, algumas delas podem chegar a mais de 30 quilômetros.
“O ideal seria que a pesca fosse realizada com redes menores, o que não é bem visto pela indústria, pois reduziria o rendimento pequeiro”, afirma Secchi. A toninha é característica de águas rasas, com profundidade de até 40 metros ou pouco mais. Os meses de maior incidência de mortes é entre novembro e fevereiro, quando a atividade pesqueira próxima à costa é mais intensa.
Sobre a Fundação O Boticário
A Fundação O Boticário de Proteção à Natureza é uma organização sem fins lucrativos, cuja missão é promover e realizar ações de conservação da natureza. Criada em 1990 por iniciativa do fundador do Boticário, a atuação da Fundação O Boticário é nacional e suas ações incluem proteção de áreas naturais, apoio a projetos de outras instituições e disseminação de conhecimento.
Desde a sua criação, a Fundação O Boticário já apoiou em todo o Brasil, 1.218 projetos de conservação da natureza e mantém duas reservas naturais, a Reserva Natural Salto Morato, na Mata Atlântica; e a Reserva Natural Serra do Tombador, no Cerrado, os dois biomas mais ameaçados do país.