Os países do mundo deveriam proibir a exportação do atum de barbatana azul do Atlântico, declarou um comitê das Nações Unidas, dando apoio a uma proposta que sofre forte oposição do Japão, que valoriza o peixe como um ingrediente de sushi.
As populações de barbatana azul no Atlântico caíram mais de 80% desde o século 19 e, portanto, a proteção especial teria base científica, disse a Cites, grupo da ONU que supervisiona a Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas. Reportagem da Associated Press .
“Estamos recomendando que as partes aceitem a proposta”, disse o chefe científico da Cites, David Morgan.
O principado de Mônaco está pedindo que os 175 membros da convenção concordem em proibir a exportação de barbatana azul do Atlântico durante uma reunião marcada para Doha, no Qatar, em março.
O plano é uma das 42 propostas de conservação que os membros vão analisar, juntamente com possíveis proibições do comércio de produtos derivados de ursos polares, alguns tipos de tubarão e outras espécies.
A reunião também decidirá se é o caso de restringir ou suavizar a proibição do comércio de marfim de elefante, outra questão controversa.
Mas a disputa em torno do atum – que põe uma maioria de países do norte da Europa contra o Japão e nações do Mediterrâneo – provavelmente atrairá a maior parte da atenção, porque ameaça tirar o tradicional peixe do cardápio do sushi.
Turquia, Espanha, Grécia e Malta têm milhares de empregos que dependem da captura e exportação do peixe. França e Reino unido comprometeram-se a apoiar a proibição.
O barbatana azul, que pode chegar 1 metro de comprimento e a pesar mais de 600 quilos, chega a custar US$ 20 (cerca de R$ 40) em restaurantes de luxo em Tóquio. O Japão compra 80% da pesca mundial, com o restante dividido entre EUA, Europa e Coreia do Sul. na Europa, o sushi de barbatana azul ainda é muito raro.
A Comissão Internacional para a Conservação do Atum do Atlântico, que agrega os países pesqueiros, já define cotas de pesca do barbatana azul. O limite atual caiu 40% em relação ao de 2009.
Ambientalistas dizem que as cotas são ignoradas e, mesmo se fossem cumpridas, seriam altas demais.
A proibição da pesca no Atlântico não afetaria a espécie no Pacífico que, embora também esteja ameaçada, não é alvo de proposta de limitação de pesca, disse Morgan. A proibição também não afetaria a pesca do atum comum que vai parar em latas e sanduíches.
O barbatana azul do Atlântico “é um produto particular de uma espécie muito procurada, vendida em quantidades muito pequenas se comparadas ao atum em geral”, disse ele.
Ele acrescentou que o comitê não vai recomendar a proibição do comércio de produtos derivados de urso polar, requisitada pelos EUA mas combatida pelo Canadá.
(Associated Press, Estadao.com.br, EcoDebate, 09/02/2010)