O forte calor registrado durante a semana traz consequências ao abastecimento da cidade, inclusive com possibilidade de racionamento da água. Essa é a afirmação do diretor da Divisão de Águas do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), o engenheiro Paulo Boff.
Mesmo com as quatro represas que atendem a cidade cheias, os cortes não estão descartados. A explicação da autarquia é de que, com a disparada do consumo registrada nos últimos dias, o tratamento de água não está acompanhando a demanda da população. O Sistema Faxinal, que abastece 63% da cidade, é a principal preocupação dos técnicos.
As operações de tratamento no Parque da Imprensa, que recebe a água do Faxinal, não estão conseguindo suprir as necessidades em determinados horários do dia. A capacidade de bombeamento de água do Sistema Faxinal é de mil litros por segundo. Ontem, entre 12h30min e 13h30min, o consumo da cidade atingiu 1,3 mil litros por segundo.
De acordo com Boff, a capacidade do Samae, somando as seis principais estações de tratamento (Parque da Imprensa, Borges de Medeiros, Celeste Gobatto, Samuara, Ana Rech e Galópolis), é de 1,5 mil litros por segundo. Se o consumo atingir esse nível, os cortes são inevitáveis.
– Normalmente, até o Carnaval, Caxias é uma cidade tranquila e, mesmo com o calor, não é comum termos problemas de abastecimento. Em 12 anos de trabalho, não lembro de ter passado por período de consumo tão elevado – comenta Boff.
A retomada da economia, o cancelamento das férias coletivas das empresas e o movimento na cidade (considerado, por Boff, acima do normal para o período) são apontados como as principais causas para o aumento no consumo.
– Se persistir esse consumo, é uma questão matemática – revela.
O consumo médio diário na cidade em meses quentes é de aproximadamente 50 milhões de litros. Ontem, às 16h40min, o reservatório abastecido pela água tratada contava com 6 milhões de litros. Conforme Boff, se for atingido o mínimo de 2,5 milhões de litros no Parque da Imprensa, o sistema entra em colapso.
Ainda segundo o engenheiro, a cidade tem três picos de consumo: entre 6h30min e 8h30min, das 11h às 14h e das 18h às 21h30min. O diretor do Samae pede o auxílio da população para contornar problemas.
Questionado sobre um prazo para o fim dos transtornos, foi enfático:
– Só teremos uma solução quando o calor diminuir – conclui.
(Por Vagner Benites, O Pioneiro, 05/02/2010)