Produtores fazem o dever de casa no recolhimento de embalagens de agrotóxicos
Com práticas simples, o país tornou-se modelo em gestão de resíduos na lavoura. Líder em recolhimento de embalagens de agrotóxicos no mundo, a agricultura brasileira ganha reconhecimento e firma-se como uma das mais importantes do globo. Como um dos principais centros do agronegócio, o Estado é um dos locais onde esse trabalho mais se destaca e serve de referência ambiental.
O produtor rural Augustino Schoroder, de Palmeira das Missões, no norte gaúcho, sabe muito bem o que tem de fazer depois de aplicar agrotóxicos em sua lavoura. Após lavar as embalagens, ele as separa em um saco e as encaminha para um posto de coleta localizado em seu município.
– Além de ser lei, colaboramos com o ambiente – afirma o agricultor.
Em todo o Estado, a Associação de Cooperativas, Revendas e Distribuidoras de Insumos Agrícolas (Cinbalagens-Aria) tem 37 locais que recebem embalagens desse tipo e as repassa para recicladoras de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. São oito unidades centrais e 29 postos de recebimento. A cadeia funciona graças a uma lei federal de 2002, que obriga indústrias e revendas de agrotóxicos a recolher os vasilhames.
Somente no ano passado, foram recolhidas 2,5 mil toneladas de embalagens usadas em território gaúcho, segundo dados do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev). O índice de recolhimento no Estado, segundo a Cimbalagens, é de cerca de 95%. No país, esse índice é de 90%.
– O nosso produtor já está consciente da importância desse trabalho. Além disso, somos referência mundial – orgulha-se Gilberto Gomes, responsável técnico pela unidade de Passo Fundo, que recebe, em média, 60 toneladas de embalagens em um mês.
Gomes conta que, com frequência comitivas de outros países como China e Canadá, por exemplo, visitam Passo Fundo para conhecer o modelo de gestão no Estado.
O trabalho para garantir o sucesso começa na escola. Em muitas cooperativas, há palestras em aulas frequentadas por filhos de associados, que os ajudam a entender a importância do ato desde cedo. A Cotripal, de Panambi, trabalha com isso há pelo menos oito anos. Somente em 2009, recebeu 42 toneladas de seus associados. Na maior parte dos casos, são cooperativas e revendas que organizam o recolhimento em suas regiões.
A pesquisa do Ministério da Agricultura revelou que, nos últimos sete anos, foram recolhidas 139 mil toneladas de embalagens no país. Com índice de 90% de recolhimento, o Brasil deixa para trás países como Canadá, Estados Unidos e Japão.
(Por Leandro Belles, Zero Hora, 05/02/2010)