Os investimentos da Celulose Riograndense chegarão a R$ 250 milhões em 2010, dentro dos preparativos para a expansão da produção da fábrica em Guaíba. O presidente da empresa, criada em dezembro de 2009 após a aquisição da unidade pertencente à Fibria (Aracruz e VCP) pela chilena CMPC, Walter Lídio Nunes, condicionou antecipação do prazo para elevação do processamento, anunciado como 2015, ao comportamento da demanda mundial por celulose, que sofre influência do ritmo da economia, e dos preços da tonelada do produto. O maior termômetro é a China, grande comprador da Celulose Riograndense. Os recursos serão injetados neste ano principalmente na ampliação da base florestal e conservação das áreas já cultivadas.
Os novos plantios, depois de suspensão em 2009, abrangerão 13 mil hectares. Outros 19 mil hectares sofrerão tratos, cancelados no ano passado. A base florestal somará 125 mil hectares para uma área de 213 mil hectares, que inclui reservas legais. Nunes também confirmou tratativas para retomar a Parceria Público-Privada (PPP) com a prefeitura de Guaíba destinada a melhorar a infraestrutura do entorno da área que terá as novas instalações.
Os recursos da companhia serão depois compensados na carga fiscal. As melhorias viárias foram interrompidas em 2008. A planta elevará a capacidade das atuais 450 mil toneladas anuais para 1,8 milhão. Hoje 97% da produção é destinada ao exterior.
A direção do grupo definiu como será a operação entre as unidades dos dois países. Além de Guaíba, a CMPC é dona da Melhoramentos, que fabrica papel higiênico, guardanapos e lenços. Haverá complementação na logística e atuações diferenciadas por mercado na celulose. "A comercialização internacional será feita via Chile e a colocação no mercado brasileiro, pela unidade de Guaíba", descreveu. Nunes ressaltou a preocupação em vincular o nome da empresa à cultura gaúcha e projetou que o grupo ganhará maior potencial para acessar vendas a grandes compradores mundialmente. A Celulose Riograndense deverá repassar tecnologia de plantio à operação chilena e poderá vender para a Melhoramentos.
O investimento para executar o projeto era previsto em US$ 3 bilhões, com geração de 7 mil empregos. O cronograma pré-crise estipulava início das obras neste ano e operação em 2013. Com o impacto da turbulência, que gerou endividamento bilionário por perdas no mercado de derivativos da então Aracruz, os planos foram protelados. O presidente explicou, nesta quinta-feira, que estão sendo refeitos estudos sobre o projeto, avaliando a situação dos preços de insumos em real e em dólar. Nunes reforçou a importância da expansão para duplicar a produção da CMPC, incluindo a cota chilena.
Ele citou que está havendo recuperação de valores da commodity, com a tonelada hoje a US$ 730. No auge da crise, desencadeada no último trimestre de 2008, a tonelada desceu a US$ 300. "Há possibilidade de antecipar a expansão da produção, mas tudo dependerá do ritmo do mercado internacional", frisou o presidente. A execução da obra levará de 26 a 30 meses. O investimento inclui terminais privados em Rio Pardo e em São José do Norte.
(Por Patrícia Comunello, JC-RS, 05/02/2010)