A oposição venezuelana considerou um "insulto" a assessoria que prestará à Venezuela uma "comissão técnica" cubana, que está no país para buscar soluções para a severa crise no fornecimento de energia elétrica à população.
"Os cubanos tiveram problemas elétricos graves em outras épocas. Por isso a comissão técnica está agora conosco, comandada por um dos heróis da revolução cubana", anunciou o presidente Hugo Chávez, em referência ao comandante Ramiro Valdés, atual ministro de Tecnologia na Ilha.
No entanto, "este grande comandante da revolução, de 78 anos, jamais pisou numa usina elétrica", denunciou por sua vez Enrique Márquez, dirigente do partido opositor Un Nuevo Tiempo (UNT, socialdemocrata).
"É um comandante e o que fez foi levar um fuzil no ombro e governar Cuba com Fidel" Castro, afirmou. "É um insulto e temos que dizer assim com muita força porque esta violação à soberania é inaceitável", acrescentou em entrevista à imprensa.
Segundo Pedro Corso, presidente do Instituto Memória Histórica de Cuba, com sede em Miami (sudeste dos EUA), "Raúl Valdés foi comerciante de materiais elétricos em Cuba, de importação de eletrodomésticos" "Essa é a experiência que possui", afirmou.
Valdés participou, junto com Castro, da tomada do quartel Moncada, em 1953, com o que ganhou o título honorífico de "comandante da revolução" cubana. "É um excelente repressor", advertiu Corso, em declarações à televisão privada Globovisión. "Eu me cuidaria", lançou.
A Venezuela enfrenta uma grave crise, devido a um sistema de geração energética em colapso, o que é agravado por uma forte seca, fazendo com que o abastecimento d'água se torne crítico na represa de Guri, no sul, responsável por 70% da energia consumida no país.
Chávez anunciou recentemente a criação de um fundo elétrico nacional de 1 bilhão de dólares destinado a novos projetos no setor. Segundo cifras oficiais, a demanda por energia elétrica na Venezuela supera em aproximadamente 1.000 megawatts (MW) a geração diária, de cerca de 16.200 MW.
(AFP / UOL, 04/02/2010)