A cidade de Altamira (PA) corre o risco de desaparecer com a construção da Hidrelétrica de Belo Monte, alertou ontem (3) o presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), dom Erwin Kräutler, logo após reunião com o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Segundo Kräutler, os habitantes de Altamira, os índios, a população ribeirinha e o Parque Indígena do Xingu serão prejudicados com a obra. “Eu não acredito que seja possível combinar por um lado a destruição de significativa de parte do Xingu e por outro lado o povo de Altamira e essa hidrelétrica. Eu estou convicto que vai trazer para o próprio Brasil algo que é irreversível e irrecuperável”, afirmou.
Outra preocupação do religioso é de que a obra traga para as cidades próximas à região da usina um fluxo de migração que esses municípios não estão preparados para suportar. Segundo ele, em algumas cidades como Anapu já começaram a chegar famílias em busca de melhores condições por causa da hidrelétrica.
O Cimi deve entrar com uma ação no Ministério Público questionando a licença prévia dada para a construção da usina. “Tem coisas aí que não aceitamos e claro que vamos usar os canais que são outorgados pela Constituição como uma ação no Ministério Público”, disse.
O presidente do Ibama, Roberto Messias, disse que entre as condicionantes para a construção da usina foi exigido o detalhamento de todas as ações que irão impactar na cidade de Altamira. Ele reconhece que o município tem carências estruturais.
Ele disse ainda que, por orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o diálogo entre governo e os afetados pela construção da hidrelétrica estará sempre aberto.
“O processo vai seguir, vamos receber sugestões e sobretudo o diálogo, vamos deixar o diálogo sempre aberto, por instrução do presidente, com todas as pessoas que possam ser afetadas para que possamos aperfeiçoar esse processo, que é licenciar boas obras para o país que nós queremos”, afirmou.
A licença prévia ambiental para a construção da Usina de Belo Monte foi concedida na última segunda-feira (1º) e o documento lista 40 condicionantes que terão de ser cumpridas para que o empreendedor receba autorização para as obras.
(Por Roberta Lopes, Agência Brasil, EcoDebate, 04/02/2010)