Num momento em que o mundo está confrontado com o esgotamento dos recursos naturais e com alarmantes quadros de injustiça social, a busca por iniciativas inovadoras que tragam algum alento a esse quadro é mais um combustível para a discussão. Até onde as empresas estão dispostas a arriscar no investimento em produtos mais sustentáveis? E quais os entraves que elas enfrentam para aplicar suas ideias ambientais?
A burocracia tem se mostrado a grande vilã da criatividade. Ela mata as possibilidades de inovação nas grandes empresas. A conclusão é da psicóloga Lisete Barlach, que recentemente finalizou um estudo sobre o assunto para o Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). Segundo Lisete, o desestímulo às ideias inovadoras é significativo nas corporações maiores.
Embora regras sejam necessárias, a rigidez de um sistema burocrático pode sufocar a criatividade que sempre está presente. Lisete ressalta, entretanto, que não é a existência de regras que impede alguém de ser criativo, mas a rigidez e a cristalização delas e a impossibilidade de questionamento e mudança.
As grandes empresas, no Brasil e no mundo, têm como principal obstáculo, na opinião da pesquisadora, a falta de uma ambidestria organizacional, que é a dificuldade de uma corporação ter de, ao mesmo tempo, manter aquilo que já conquistou e inovar permanentemente para não ficar para trás e sair do mercado.
– Conservar e aprimorar as competências de que se dispõe é difícil e raro de se encontrar, assim como a ambidestria individual (ser destro e canhoto ao mesmo tempo) – afirma Lisete.
Até mesmo as organizações que têm como princípio a inovação nem sempre têm a flexibilidade para permitir que seus colaboradores inovem.
(A Razão, 04/02/2010)