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energia nuclear no irã política nuclear
2010-02-04 | Julianaf

Problemas técnicos frustram as ambições armamentísticas do Irã, mas em breve o país terá condições de construir armas nucleares, afirmou hoje o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês).

A entidade, que elaborou um dos relatórios decisivos para a afirmação de que o regime do presidente iraquiano Saddam Hussein tinha um arsenal de destruição em massa, apresentou hoje, em Londres, seu relatório anual sobre equilíbrio militar.

O documento, além de focar a tensão no Oriente Médio e a forma como a internet muda as políticas de defesa, indica que "as centrífugas de gás (usadas para enriquecer urânio) dão sinais de deterioração" e que, embora "mais tenham sido instaladas", atualmente "há 1.000 a menos produzindo urânio enriquecido" em relação a "maio passado".

No entanto, o diretor-geral do IISS, John Chipman, destacou que "as reservas de urânio enriquecido do Irã continuam aumentando e, em breve, serão suficientes, quando (o regime) tiver conseguido avançar no enriquecimento, para a capacidade de duas peças de armamento".

O instituto, ligado aos Governos dos EUA e do Reino Unido, mostrou-se "preocupado não só com o programa nuclear do Irã, mas também com os esforços" de Teerã para desenvolver mísseis.

Essa corrida, destacou o IISS, fez os Estados do Conselho de Cooperação do Golfo turbinarem seus programas de defesa. Em 2008, por exemplo, os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita investissem US$ 9,7 bilhões e US$ 8,7 bilhões, respectivamente, para comprar dos EUA baterias antiaéreas e outros equipamentos militares avançados.

Para o IISS, essa escalada militar dos países aliados dos EUA na região não é uma provocação ao Irã, mas "um elemento de dissuasão" frente às ambições nucleares da República Islâmica, destacou Mark Fitzpatrick, especialista da entidade em assuntos de não-proliferação.

Os analistas do IISS destacaram ainda que foi o Irã quem "rejeitou os elementos-chave do acordo que aceitou com indecisão em Genebra, em 1º de outubro, para trocar 70% de suas reservas de urânio pouco enriquecido por uma quantidade equivalente de combustível para o reator de pesquisa".

"As variáveis do acordo nuclear continuam sendo discutidas em diversas capitais, mas o Irã insiste que, em todos os casos, deve manter pelo menos a quantidade de urânio enriquecido necessária para uma peça de armamento e, portanto, se afasta da ideia central do acordo que havia sido proposto", disse Chipman.

No campo político, o relatório diz que a tentativa do presidente americano, Barack Obama, de acenar diplomaticamente para o seu colega iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, "fracassou" naquele que era seu objetivo inicial: dissuadir Teerã. Porém, destaca que a estratégia foi bem-sucedida ao ampliar o consenso internacional em relação ao regime islâmico.

"O presidente (Obama) está bem mais disposto a persuadir seus aliados e seus parceiros sobre a necessidade de sanções adicionais" serem aplicadas pelas Nações Unidas, destacou Chipman, convencido de que "haverá uma nova rodada de punições".

Sobre os supostos vínculos entre o Governo iraniano e a Al Qaeda, os analistas da IISS acham que não há evidências de que exista tal relação. Mas admitiram que Teerã pode considerar o grupo terrorista "uma opção no caso de um ataque dos EUA".

"Ideologicamente, há uma grande distância entre eles", argumentou Nigel Inkster, responsável do Departamento de Ameaças Transnacionais e de Risco Político do IISS, que disse desconhecer a origem das afirmações sobre a colaboração entre o Governo iraniano e a rede de Osama bin Laden em lugares como o Iêmen e a Somália.

"Pode ter havido contatos entre a Guarda Revolucionária e a Al Qaeda, mas eles não são aliados naturais", acrescentou o especialista.

O relatório do IISS também enfatiza as novas modalidades de conflito, como "a ciberguerra", e destaca que já são uma realidade as estratégias cibernéticas para "inabilitar a infraestrutura de um país, interferir na integridade da informação militar ou complicar as transações financeiras".

"Apesar da evidência dos ciberataques em recentes conflitos políticos, há uma pouca compreensão internacional sobre como avaliar adequadamente um ciberconflito. Em relação a isto, estamos no mesmo cenário de desenvolvimento intelectual no qual estávamos em 1950 sobre uma possível guerra nuclear", afirmou.

(EFE / UOL, 03/02/2010)


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