O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou nesta terça-feira (02) que o Brasil poderá antecipar para este ano a meta de reduzir em 80% o desmatamento na Amazônia, prevista para ser alcançada em 2020, segundo documento entregue à Organização das Nações Unidas (ONU). Minc disse que isso ocorrerá se o País mantiver o ritmo de devastação florestal alcançado nos últimos meses do ano passado.
De acordo com Minc, a Amazônia pode fechar este ano com 3,5 mil km2 de desmatamento, cumprindo com dez anos de antecedência a meta para 2020. O ministro fez a afirmação enquanto comentava os dados do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Conforme o levantamento, nos meses de outubro e novembro de 2009, o desmate atingiu 247,6 km2 de floresta, número 72,5% menor do que o registrado no mesmo período de 2008 (896 km2). No quadrimestre agosto-novembro, o desmatamento da Amazônia caiu de 2.238 km2, em 2008, para 1.144 km2 em 2009 - redução de 49%.
A cobertura de nuvens na região no período foi de 17% - ou 14% menor do que os 31% registrados em 2008 -, o que permitiu maior visibilidade na observação dos satélites. "Ninguém pode dizer que não vimos desmatamento porque estava tudo coberto", disse Minc.
O Pará liderou o ranking, com 108 km2 desmatados em outubro e novembro, mas com índice 60% abaixo do mesmo período do ano anterior. Em Mato Grosso, o segundo colocado, foram devastados 50 km2 de floresta, mas o índice também caiu significativamente.
O destaque negativo ficou por conta do Amazonas. Apesar de ostentar a menor taxa da região, o Estado registrou crescimento de mais de 200% no desmatamento nos meses de outubro e novembro.
O Brasil assumiu perante a ONU a meta de reduzir o desmatamento em 80% até 2020, tendo como ponto de partida o índice de 19,5 mil km2 de floresta desmatada em 2002, como contribuição do País ao combate ao aquecimento global.
Minc também anunciou um reforço tecnológico: entra em operação neste ano o satélite japonês Advanced Land Observing Satellite (Alos), chamado de Satélite de Observação Avançada da Terra. O sistema, contratado há dois anos pelo Ibama, permitirá o monitoramento do desmatamento por entre as nuvens, o que é impossível com os equipamentos atuais do Inpe. Com isso, segundo o ministro, "acaba a cegueira" do satélite em alguns meses do ano, como dezembro, quando a cobertura de nuvens passa de 50%. "Tremei, poluidores, a invisibilidade vai acabar", disse.
(Agência Estado, JC-RS, 03/02/2010)