Um projeto envolvendo a Embrapa Agroenergia, em parceria com a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) e a Emater, vai transformar óleo de fritura em matéria-prima para a produção de biodiesel. Os investimentos serão de R$ 2,5 milhões, através de um financiamento não reembolsável da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).
Os recursos serão usados para a construção de uma planta demonstrativa de 5 mil litros de óleo por dia. Na estação, o óleo de fritura usado será recebido, purificado e processado para transformação em biodiesel, usando etanol. Dessa reação será gerado o produto e também a glicerina. Esse subproduto poderá ser usado, por exemplo, na fabricação de sabão.
Com a liberação dos recursos anunciados pela Finep, os parceiros esperam se reunir nessa semana para a definição do plano operacional. Uma das ações a serem definidas é como será feita a coleta dessa matéria-prima. O Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília é um dos interessados em fazer com que os seus filiados contribuam com a iniciativa.
Atualmente, quando um alimento é frito, a maior parte da sobra do óleo acaba indo para a rede de esgoto. O desafio é encontrar uma logística para a captação e transformação em uma matéria-prima tão boa quanto o óleo novo.
A estimativa é que quatro milhões de litros de óleo são consumidos por ano e despejados na rede do Distrito Federal. Entre as consequências está o entupimento no sistema e gastos com manutenção e produtos químicos de neutralização. A transformação de resíduo em um combustível biodegradável e livre de enxofre também pode ajudar na redução da emissão de poluentes no ambiente.
O projeto vai envolver 20 pessoas e deve estar finalizado em dois anos. A meta é que até o final de 2011 a planta esteja funcionando. Com o início da operação, toda a cadeia produtiva do biodiesel a partir de óleo de fritura terá que ser testada para comprovar a viabilidade do processo.
O coordenador do projeto e pesquisa da Embrapa Agroenergia, José Dilcio Rocha, explica que, nessa fase de testes, o combustível produzido será testado em veículos dos parceiros. Porém, para o uso comercial, ainda é preciso vencer algumas questões burocráticas, como o fato de ter que pagar como se fosse óleo novo. "Para incentivar futuros investidores a usarem essa matéria-prima essas questões precisam ser resolvidas", destaca Rocha.
(Por Patricia Knebel, JC-RS, 01/02/2010)