Avaliações predominaram nas atividades dos movimentos sociais presentes ao Fórum Social Mundial, na Usina do Gasômetro, durante o último dia do evento, nesta sexta-feira. Representantes de diferentes organizações marcaram para 1 de junho uma assembleia nacional. O objetivo é concretizar um projeto de aprofundamento das mudanças conquistadas a partir dos debates realizados nos dez anos do evento.
O ativista italiano Ciro Brescia, da Red Por Tí América, afirmou que é preciso ampliar a discussão sobre uma questão relacionada à economia, mas que tem impacto social, que é a exploração dos trabalhadores, principalmente na América Latina e na África. "Precisamos consolidar ações para a organização de um mundo socialista, em que as pessoas tenham seus direitos respeitados", disse Brescia.
Para Daniel Pascual, da Guatemala, os movimentos deveriam concentrar suas ações, partindo para a constituição de uma nova agenda, que priorize atos voltados aos povos indígenas. "O respeito à autodeterminação dos povos deve ser um ponto central nas futuras discussões, bem como a restituição dos territórios usurpados", afirmou. Daniel Iliescu, da União Nacional dos Estudantes (UNE), defendeu que os estudantes brasileiros ajudem a fortalecer o calendário de lutas dos trabalhadores e dos movimentos sociais. "Também precisamos reforçar a cobrança sobre a área política, para que seja aprovado o Plano Nacional de Direitos Humanos", argumentou. Ele reivindicou, ainda, que um espaço maior seja reservado para debates no Acampamento Intercontinental da Juventude, ocorrido em Novo Hamburgo, recebendo apoio dos presentes.
A necessidade de mobilização política também foi levantada pelo representante da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Thiago Molbach. Para ele, é imprescindível que os movimentos se organizem para garantir a continuidade de um projeto "que olhou de forma diferente para a questão social". Alertou que o exemplo da volta da direita, no Chile, não pode se repetir no Brasil. Neste aspecto, recebeu aplausos das mais de 600 pessoas presentes. Os debates e a apresentação de sugestões se estenderam até as 13h, o que impediu a realização de uma marcha até a Assembleia Legislativa, onde o grupo se uniria aos demais participantes.
(Correio do Povo, 29/01/2010)