As ameaças que representam o comércio biotecnológico e a geoengenharia foram temas centrais do painel apresentado pelo canadense Pat Mooney, do Grupo ETC (Grupo de Ação sobre Erosão, Tecnologia e Concentração), durante o seminário "Bens Comuns", realizado dentro da programação do Forum Social Mundial, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, na manhã de terça-feira (27). Diretor executivo do grupo norte-americano, que estuda os diversos impactos de novas tecnologias nas populações e no meio ambiente, Mooney falou sobre a cumplicidade de governos, sobretudo o estadunidense, em interesses bilionários que não levam em conta o bem-estar humano e a saúde do planeta.
Segundo o canadense, projetos ultra-arrojados em biotecnologia e geoengenharia têm motivado um grande comércio entre empresas multinacionais que atuam na área e governos de vários países. Essas ações são incentivadas, principalmente, pelos Estados Unidos, através do Departamento de Energia.
"Vou falar algumas coisas e vocês poderão pensar que eu sou louco. Bom, alguns anos atrás quando se falava em biotecnologia as pessoas também achavam que era uma loucura. De fato, é uma loucura, mas hoje vemos que é uma realidade", afirmou Mooney, antes de falar sobre uma série de projetos que estão sendo realizados ou prestes a serem iniciados.
Ele explica que a maioria dos argumentos utilizados pelas empresas de biotecnologia e geoengenharia se situa no marco ambiental, como a questão das mudanças climáticas e outras alterações que possam ocorrer ao planeta. Um desses projetos mirabolantes diz respeito à fabricação de cápsulas que mudam a temperatura dos oceanos. "São experimentos feitos com a cumplicidade dos governos. O governo estadunidense autorizou testes a 10 mil metros no fundo do oceano", denunciou.
Outro projeto no qual as corporações estariam se dedicando consiste na confecção de vulcões artificiais que, jogados na estratosfera, poderiam reduzir a temperatura global. Para esse, diz, estariam sendo gastos entre 25 a 30 bilhões de dólares anuais.
"Projetos como estes causariam efeitos colaterais irreparáveis em lugares como a África, o Atlântico Norte. Isso não pode ser permitido e tem que ser denunciado. Eles não estão interessados em como isso afetará as pessoas, nem o planeta, eles querem o lucro, querem fazer negócio", afirmou.
Pat também fez menção à COP 15, ocorrida em dezembro, na Dinamarca. De acordo com ele, do ponto de vistas destas empresas a Conferência do Clima foi um sucesso, pois garantiu que os negócios da biotecnologia e geoengenharia continuem sendo feitos livremente, longe de qualquer tipo de pressão que ameace os projetos.
(Por Rogéria Araújo, Adital, 29/01/2010)