Relato de Nestor Nadruz, arquiteto e morador da Zona Sul
“Essa estrutura ficará como um marco na paisagem do Guaíba. A orla não pode receber edificações altas. Assisti à apresentação do projeto, e não concordo com esse tipo de solução porque é cara e vai ficar um monumento aos dejetos. É um prédio para esgotos. Nós, da comunidade, temos dado atenção para não haver edifícios nos 72 quilômetros da orla. Que se faça um parque como em Ipanema, Guarujá... Estou cansado de urbanização, os custos são da comunidade, e isso não vai resolver o problema do ambiente. Processos de decantação deveriam ser melhor distribuídos pela cidade. Tecnicamente, o projeto poderá ser executado, mas, no seu resultado final, não haverá paisagem.”
O engenheiro Valdir Flores observa que as obras estão sendo feitas à esquerda da Avenida Diário de Notícias, no sentido Centro-bairro – local que não é considerado como orla. As duas torres maiores funcionarão hidraulicamente como uma só e terão a finalidade de proteger a tubulação, garantir as condições de pressão e impedir a entrada de ar no trecho de tubulação subaquática que liga a EBE Cristal à estação de tratamento na Serraria – e está em fase de instalação do canteiro de obras e execução do píer para montagem dos tubos. O Dmae diz também que não haverá risco de mau cheiro na região, pois todos os gases serão captados e tratados dentro da própria estrutura, que será fechada.
Projeto é esperança de despoluição
O Pisa pretende aumentar de 27% para 77% a capacidade de tratamento de esgotos na Capital até 2012 e garantir a balneabilidade do Guaíba até 2028. A ETE, que será construída pelo Dmae na Serraria, receberá todo o esgoto a ser coletado pelas redes que estão sendo implantadas na Restinga, Cavalhada e Ponta Grossa, além do esgoto da região do Arroio Dilúvio e no Centro, hoje jogado in natura no Guaíba. Os emissários, que irão conduzir o esgoto coletado até a estação de tratamento na Zona Sul, estão em fase de construção.
Outra etapa em andamento é o Sistema Cavalhada, em fase de implantação das redes coletoras e interceptores cloacais e das ligações prediais. Já foram executados 48,8 quilômetros e 3.966 ligações, e está prevista para ser concluída em março de 2011.
As obras já licitadas foram orçadas em R$ 357 milhões, sendo que foram contratados para sua execução valores totais
de R$ 316 milhões.
(Zero Hora, 29/01/2010)