O presidente dos EUA, Barack Obama, disse em seu discurso do Estado da União, nesta quarta-feira (27/01) à noite --madrugada no Brasil--, que o país deve investir em energia limpa para estimular a criação de empregos, mas não citou a criação de um mercado para créditos de emissões de carbono.
O projeto de lei sobre o clima que tramita no Congresso prevê a atribuição de um valor financeiro para as emissões de usinas elétricas, refinarias e fábricas, com a criação de um mercado de créditos para os poluentes responsáveis pelo efeito estufa.
O texto também adotaria metas de redução das emissões de carbono nos EUA pelos próximos 40 anos. Adversários temem que os cortes nas emissões causem fechamento de vagas ou a transferência de postos de trabalho para o exterior. O desemprego nos EUA já está acima dos 10%.
Em seu primeiro discurso do Estado da União, Obama preferiu enfatizar o potencial da lei para atrair enormes investimentos na fabricação de painéis de energia solar, fazendas eólicas e outras fontes de energia limpa.
Empregos e exportações
Segundo ele, isso irá estimular a criação de empregos e as exportações para concorrentes como China e Índia. "Neste ano, estou ávido por ajudar a promover o esforço bipartidário no Senado", disse Obama, que acaba de perder a maioria qualificada de 60 votos no Senado, por causa da eleição de um republicano numa eleição suplementar em Massachusetts.
"E, sim, isso significa aprovar um projeto energético-climático abrangente, com incentivos que irão finalmente fazer da energia limpa o tipo de energia lucrativa na América."
Tentando "amaciar" os adversários da lei climática, ele promoveu a energia nuclear, a exploração de petróleo em alto mar e as usinas termoelétricas com carvão "limpo" como sendo outras áreas importantes de investimento.
Ele não disse que o projeto terá de incluir mecanismos de limites e créditos de emissões.
"Parece que a liderança democrática está se aferrando à legislação combinada de energia e mudança climática por enquanto. Embora ele não tenha dito 'limites e créditos', ele disse, sim, que [os democratas] irão pressionar por uma política climática abrangente", afirmou Will Pearson, analista global de energia da consultoria Eurasia Group.
Obama tampouco citou a meta de redução de emissões que ele havia prometido antes da conferência climática da ONU em Copenhague, em dezembro --um corte de 17% até 2020, em relação aos valores de 2005, condicionado à aprovação da lei climática no Congresso.
(Por Timothy Gardner, Reuters / Folha Online, 28/01/2010)