A invasão das praias no verão traz uma preocupação: a sujeira deixada pelos veranistas à beira-mar. Além dos prejuízos óbvios como a poluição e a destruição das belezas naturais, esse mau hábito tem outra consequência: a morte de animais marinhos.
Quem mais sofre com as sacolas plásticas e embalagens jogadas na areia são as tartarugas marinhas. Essa é uma das principais causas da mortalidade dos animais, que acabam confundindo o lixo com alimento.
– A ingestão do lixo pode gerar uma falsa sensação de saciedade, levando a tartaruga a não se alimentar direito. Uma grande quantidade também pode obstruir a passagem do alimento, causando a morte do animal – diz a coordenadora do Projeto Tartarugas Marinhas no Litoral do Rio Grande do Sul do Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (Nema), Danielle da Silveira Monteiro.
A pesca é outra causa da morte das tartarugas. A captura acidental em redes é frequente. E o problema aumenta nesta época do ano:
– No verão, as tartarugas ficam mais próximas da costa, pois se alimentam no nosso Litoral – explica Cariane Campos Trigo, bióloga do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Existem cinco espécies de tartarugas marinhas na costa do Rio Grande do Sul. Todas elas estão ameaçadas de extinção. Para tentar frear esse processo, dois trabalhos de preservação são realizados nos mais de 620 quilômetros da orla gaúcha.
No Litoral Norte, o Ceclimar acompanha a mortalidade dos animais. Os dados são usados para criar estratégias de conservação das espécies. Em 15 anos, pelo menos 500 mortes foram relacionadas ao lixo ou à pesca. Além disso, o centro também realiza a recuperação de cerca de 15 animais por ano e os devolve ao mar.
O Nema faz um trabalho semelhante no Litoral Sul. Além do monitoramento das espécies, o núcleo promove projetos de educação ambiental principalmente entre os moradores de comunidades pesqueiras. Essas atividades reúnem filhos e mulheres de pescadores, que conhecem as principais ameaças enfrentadas pelos animais.
– Nas escolas, a ideia é que os filhos sejam multiplicadores e levem as informações para os pais – afirma Danielle.
No sul do Estado, o trabalho de recuperação dos animais feridos fica a cargo do Museu Oceanográfico da Fundação Universidade de Rio Grande (Furg), que no ano passado devolveu 20 tartarugas ao mar.
Faça a sua parte
- Não jogue lixo na praia. Embalagens plásticas são uma das principais causas de morte das tartarugas marinhas.
- Opte por sacos de papel para guardar o seu lixo à beira-mar. O material é menos prejudicial aos animais caso o vento leve a sacola para longe.
PROGRAMA PARA AS FÉRIAS
- Museu Oceanográfico de Rio Grande (Rua Capitão Heitor Perdigão, 10): das 9h às 11h30min e das 14h às 18h, de terça-feira a domingo. Informações: (53) 3232-9633
- Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar – Av. Tramandaí, 976, em Imbé): visitação de terça-feira a domingo, das 15h às 19h. Informações: (51) 3627-1309
(Por Ismael Cardoso, Zero Hora, 28/01/2010)