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fórum social mundial sustentabilidade e capitalismo
2010-01-28 | Tatianaf

Na abertura do debate da manhã desta quarta-feira (27) na Assembleia Legislativa, sob o tema “Bem-Viver”, o presidente da casa, Ivar Pavan, deu a tônica do discurso, a de que para se definir este conceito será preciso focar ações na vida, mudar os princípios e os valores, de forma que a sociedade se torne solidária, aonde todas as culturas sejam valorizadas, aonde haja o resgate de identidades culturais, aonde a ecologia seja equilibrada, numa relação harmônica entre homem e natureza, e não de agressão, como tem ocorrido.

Ainda conforme Pavan, se fosse feita uma pesquisa sobre o que é Bem-Viver, o normal seria que as pessoas respondessem que isto significa melhorar a renda, ter carro, aparelhos eletrônicos, enfim, bens materiais. Ao que a ativista sul-africana Mercia Andrews, acrescentou que esta é hoje uma ideia universal, o que dificulta a busca por alternativas. Mas ela as foi buscar numa pesquisa realizada numa fazenda da Província onde vive. Entrevistou pessoas que vivem em condições de miséria, como de limite ao acesso de água, apesar de o negócio de produção de frutas e vinhos ser lucrativo.

A estudiosa imaginava ouvir que buscariam vingança contra o explorador, ao questionar sobre o que gostariam de ter se pudessem mudar o seu mundo. Mas, ao contrário, 68% das pessoas que participaram da pesquisa, demandaram por um pedaço de terra, entre um e cinco hectares, para cultivar verduras para consumo próprio e algo mais para atender ao mercado local. A criação de gado, eles planejaram de forma comunitária, visando a produção de leite para a casa e venda do excedente.

Em segundo lugar, os entrevistados pediram a construção de escolas próximas da onde vivem; em terceiro, empregos para quem não quisesse viver no campo; e, as mulheres, pediram paz, dignidade, fim do alcoolismo e drogas (incentivado através do pagamento de salários com bebidas), acesso à saúde e tratamento de Aids e fim do abuso às mulheres nos lares. “Foram tão modestos, apenas queriam igualdade e respeito. Porém, o capitalismo não pode atender estas demandas. Para chegar a um bem-viver teremos que nos conscientizar e entender as coisas simples da vida como as que ouvimos na comunidade rural,” concluiu.

Valorização da identidade local
O resgate da identidade local, a importância da descolonização podem aproximar os pensantes do conceito de bem-viver. Para o filósofo e dirigente do Fórum Alternativo de Marrocos, Zraih Abderkadel, é preciso considerar a cultura diversificada, que em seu país, inclui pelo menos três etnias. A cientista política da Organização Continental Latino Americana e Caribenha de Estudantes (OCLAE) Ana Maria Prestes, acredita que seja um desafio enfrentar a crise civilizatória vigente, mas que o bem-viver, só poderá se concretizar num mundo que se revele pós-colonial, pós-capitalista e pós-imperialista. “Os povos oprimidos não podem continuar a ser impedidos de se desenvolver. É preciso haver uma mudança de valores, uma noção de que bem-viver não resulta do atraso de outras nações, de que é possível haver justiça social e ambiental com pleno desenvolvimento das potencialidades dos povos, com respeito a sua soberania,” disse.

Também o sociólogo italiano Marco Deriu enfatizou a importância do respeito às populações locais, pois estas têm seus recursos naturais levados para países do Hemisfério Norte, onde muitas vezes acabam desperdiçados durante o consumo. “Vivemos de créditos não pagos, que não poderemos pagar, apostamos no futuro, deixamos uma conta para as próximas gerações pagarem. Com uma atitude individualista e competitiva, o aumento do consumo gerou o aumento da poluição, a promessa de um futuro melhor trouxe a exploração dos trabalhadores e os impactos ecológicos”, explicou, ele que acredita que, enquanto houver esta exploração do Norte sobre o Sul, não haverá bem-viver. E acrescentou que é preciso termos mais coragem e denunciar o mau uso do conceito de desenvolvimento sustentável. Para ele, o desenvolvimento não é sustentável, como bem ficou demonstrado com a crise financeira de 2008-2009.

Resgate dos saberes ancestrais
Um dos representantes legítimos dos povos originários do Continente Americano, o equatoriano Churu Chumbi, enfatizou a naturalidade com que seu povo compreende o bem-viver, como sendo um princípio filosófico, histórico, praticado milenarmente e, que se baseia na complementaridade, reciprocidade e espiritualidade. “É uma definição superior à sustentabilidade. É a harmonia da convivência entre homem e natureza, de coexistir com a Mãe Terra, de respeitar os seres do Planeta - não apenas os vivos,” justificou, sem esquecer da relevância da promoção de direitos através da redução da pobreza, garantia de educação com respeito à diversidade étnica e respeito aos conhecimentos ancestrais. Finalmente, Chumbi atribuiu o aquecimento global ao fracasso do capitalismo e propõem o uso de tecnologias limpas e alternativas para reverter o quadro de destruição do Planeta.

Da Guatemala, o membro do Comitê Internacional da Via Campesina Daniel Pascoal, confirmou a diferença da cosmovisão dos povos originários das Américas, como os maias, astecas e incas. “O território não é uma demarcação geográfica, pois tudo compõem a Mãe Terra, por isso é preciso respeitar águas e florestas, proteger as sementes, aplicar a agroecologia, fazer a reforma agrária e garantir a soberania alimentar,” expôs. Pascoal também está convencido de que o capitalismo está levando a humanidade à sua destruição. Denunciou que a América Central está sofrendo uma nova onda colonizadora, que tenta desterritorializar indígenas e destruir seus saberes. “Querem destruir a memória histórica, mas os povos nativos são como um reservatório estratégico de saber, que poderá salvar a humanidade,” enfatizou.

(Por Eliége Fante, EcoAgência de Notícias, 27/01/2010)


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