Território da Economia Solidária, o município de Canoas tem se destacado neste Fórum Social Mundial como um espaço de debates importantes sobre a influência do homem na questão ambiental. Essa foi a visão trazida pela urbanista e professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS) Betânia Alfonsin. Ela mostrou que as tragédias climáticas ocorridas neste incío de ano no Brasil e exterior afetam fundamentalmente os povos mais pobres e, em parte, têm a mão do homem.
A urbanista e advogada, enfatizou que as transformações climáticas têm impactado de forma muito mais forte as populações pobres nas cidades, principalmente devido ao mau planejamento e a falta de infraestrutura”. Betânia Alfonsin criticou também a forma como a imprensa vem fazendo a cobertura. Citou as tragédias de Agudo (RS) onde a queda de uma ponte tirou a vida de cinco pessoas e o terremoto do Haiti para justificar que a imprensa tem tratado os desastres como sendo naturais, "quando, na realidade, há um grande processo de irregularidades na construção das cidades", acrescentou.
E concluiu dizendo que a única forma de mudar isso é com a participação direta da comunidade nas decisões. "Somente com uma gestão democrática, o combate ao efeito especulativo do solo urbano, a democratização do acesso à terra e à moradia, além da justa distribuição dos ônus e benefícios do processo de urbanização é que poderemos reverter essa situação", argumentou.
Diálogo com solução
Os problemas de infraestrutura também foram citados pelo prefeito de Várzea Paulista (SP) e primeiro secretário da Associação Brasileira de Municípios, Eduardo Tadeu, que participou do seminário Internacional de Metrópoles Solidárias. Segundo ele, a forma encontrada pelos diversos comitês espalhados pelo país para debater os problemas com a população foi através do diálogo. "Os diálogos estendidos para as comunidades são fundamentais", acrescentou. De acordo o Eduardo Tadeu, esta forma de governar demonstra a importância que o respeito adquiriu. "É na cidade", disse ele, "que as pessoas moram e podem experimentar com mais proximidade a democracia e a participação”.
O prefeito de Várzea Paulista lembrou as experiências do Orçamento Participativo, que hoje abrange cerca de 300 cidades em todo o mundo. O Orçamento Participativo, no seu entender, é transformador e atua com força nas periferias das cidades, ao contrário dos modelos centralizadores que privilegiam as regiões com maior poder econômico.
(EcoAgência, 27/01/2010)