O Seminário Internacional do Fórum Social Mundial, na Usina do Gasômetro, foi aberto ontem discutindo questões ambientais. Ao avaliar os efeitos do "crescimento predatório" contra a natureza, os painelistas reforçaram a necessidade de ações diretas na área ambiental e política.
O representante da Coordenadora Andina de Organizações Indígenas (CAOI), do Peru, Roberto Espinoza, um dos palestrantes da conferência com o tema A Conjuntura Mundial Hoje, conclamou os presentes a participarem de uma concentração mundial no México, em abril deste ano. O encontro servirá para pressionar governos e autoridades por medidas efetivas em relação ao meio ambiente e ao clima. Assim, Espinoza acredita que "talvez seja possível evitar um fracasso, como ocorreu na Conferência do Clima, em Copenhague, na Dinamarca".
A representante do Movimento das Mulheres Camponesas do Brasil, Adriana Mesadri, também abordou o impacto da agressão ao ambiente no campo. Para ela, além de debater sobre ações que afetam o meio ambiente, "é preciso que se discuta a sua relação com o sistema capitalista, que destrói a natureza em nome de um suposto desenvolvimento". Adriana acredita ser necessário continuar denunciando "os efeitos maléficos de monoculturas", como a dos eucaliptos, usados para a produção de celulose. Segundo ela, "por culpa do agronegócio e das empresas transnacionais, o brasileiro está consumindo 7 quilos de agrotóxicos por ano". "Estamos comendo muito veneno no país, mas parece que as autoridades não estão preocupadas com isso", argumentou.
O representante da organização colombiana Amigos de la Tierra, Hildebrando Vélez Galeano, criticou o patrocínio da Petrobras ao FSM. "A estatal brasileira é uma das mais denunciadas na Colômbia por intervenções petrolíferas degradantes", enfatizou. Para Galeano, o Fórum Social Mundial deve servir para "irrigar a ação ambientalista junto aos movimentos sociais", como ocorreu nas primeiras edições. "Naquela época, unimos esforços com o Movimento dos Sem Terra para a introdução da agroecologia como uma das bandeiras de luta do movimento na questão agrária", lembrou Galeano.
(Por SANDRO SCHREINER, Correio do Povo, 27/01/2010)