Apesar de aparecer em grande quantidade, a maioria das espécies encontradas não é perigosa

A população de Frederico Westphalen, no norte do Estado, busca informações para entender o aparecimento de escorpiões na cidade. O animal vem sendo localizado dentro das casas em grande número.

O calor e a destruição do habitat natural do animal pode estar contribuindo para que os escorpiões cheguem às residências. No bairro Itajapé, onde há um trecho de mata com cerca de 40 hectares, várias coletas foram realizadas. Um único morador encontrou 25 escorpiões dentro de casa. Os moradores têm levado os animais à Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI). Todos os dias, o departamento de biologia atende chamados de moradores pedindo orientação.

– Nunca tivemos escorpiões nesta quantidade. É possível que os desmatamentos, lavouras extensivas e a mudança climática estejam propiciando a proliferação – conta o biólogo Ricardo Giovenardi, da URI.

Espécies diferentes foram encontradas em Frederico Westphalen, a maior parte delas do escorpião manchado (Tityus costatus), que normalmente tem toxicidade baixa. No entanto, Giovenardi diz que já encontrou também o Tityus serrulatus, que é raro no sul do país, e cujo veneno pode ser fatal, principalmente para crianças, idosos e animais.

Preocupada com a situação, a prefeitura de Frederico Westphalen tem fiscalizado locais em que os focos são encontrados. Denúncias foram atendidas e moradores têm sido notificados a providenciar a limpeza de terrenos, remoção de lixo e entulhos que podem propiciar a proliferação dos escorpiões.

O Centro de Informação de Toxicidade (CIT) do Estado também registrou relatos de escorpiões no Estado. Nos últimos cinco anos, 1.471 pessoas foram atendidas com picadas, a maior parte deles na Região Metropolitana. Conforme a médica Veterinária Toxicologista do CIT Maria da Graça Boucinha, o maior número de acidentes ocorre no verão, período em que os animais estão mais ativos, comem mais e se reproduzem. Ela avaliou por fotografias alguns dos escorpiões encontrados em Frederico Westphalen e confirmou que eles pertencem à espécie Tityus costatus.

(Por Marielise Ferreira, Zero Hora, 27/01/2010)