A Sea Shepherd Conservation Society não vai ter muito descanso após a frota baleeira japonesa ter encerrado a Operação Waltzing Matilda. Ambos os navios da Sea Shepherd, o Steve Irwin e Bob Barker, irão para o Mediterrâneo do Oceano Antártico. O objetivo será interceptar operações de caçadores de atum-azul.
“Precisamos chamar a atenção da opinião pública internacional de que uma das espécies de peixes mais originais do mundo, o atum-azul, está à beira da extinção devido à pesca ilegal, impulsionada pela demanda insaciável do Japão em relação a este peixe”, disse o Capitão Paul Watson, fundador e presidente da Sea Shepherd Conservation Society.
Há duas semanas, um único atum-azul foi vendido ao Japão por 111.000 euros.
Com esse preço tão alto, a sobrevivência da espécie está com os dias contados. Como o peixe se torna mais raro, o preço pago por ele será cada vez maior. Esta é a economia e a política da extinção das espécies.
A indústria do atum no Mediterrâneo, que é apoiada por dezenas de milhões de euros em subsídios, tem levado o atum à beira da extinção. A previsão é de que a espécie entre em colapso em três anos.
No entanto, a corrupção e o valor de mercado em ascensão do atum-azul evita qualquer tipo de esforços para a conservação da espécie.
A Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Extinção (CITES) se reúne em março para debater a proibição do comércio de atum. Ainda em preparação para a reunião, a União Europeia deixou o atum-azul fora da agenda, de modo a não ofender os pescadores da França, Malta, Itália e Grécia.
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, tentou proibir a pesca do atum-azul no país, mas foi impedido pelos próprios pescadores. Ele agora está tentando proibir a exportação de atum-azul para o Japão, e isso já ajudaria muito na preservação da espécie, mas os pescadores franceses têm ameaçado o bloqueio dos portos caso isso aconteça.
Este é um ano crucial na batalha para salvar o atum-azul.
A Sea Shepherd Conservation Society pretende confrontar os caçadores e disse que não vai recuar diante das ameaças e da violência por parte dos pescadores. As campanhas da organização no Oceano Antártico contra baleeiros japoneses durante os últimos seis anos deu-lhes a experiência e a vontade de combater a violência dos caçadores em qualquer lugar do mundo.
“Podemos perder um navio, mas a perda de um navio é preferível à perda do atum como uma espécie”, disse o Capitão Paul Watson. “Os navios são dispensáveis, as espécies não são.”
(Por Raquel Soldera*, ANDA, 25/01/2010)
*Com informações de Sea Shepherd