Um estudo de uma entidade britânica, divulgado nesta segunda-feira (25/01), defende que a única forma de controlar o aquecimento global é que os países ricos interrompam seu crescimento econômico.
A tese defendida pela Fundação Nova Economia (NEF, na sigla em inglês) é de que, mesmo com expansão econômica reduzida, não será possível atingir a meta de aquecimento global abaixo dos 2º C, como almejado pela comunidade internacional.
No relatório Crescimento não é possível: porque as nações ricas precisam de uma nova direção econômica, Andrew Simms, diretor da NEF, explica que "o crescimento econômico incessante está consumindo a biosfera do planeta além de seus limites".
Em sua visão, o custo dessa expansão aparece no "comprometimento da segurança alimentar global, nas mudanças drásticas do clima, na instabilidade econômica e nas ameaças ao bem-estar social". Por isso, o mundo precisa de uma nova economia que respeite o orçamento ambiental, diz o estudo. "Não há um banco central global do meio ambiente para nos salvar se formos à falência ecológica", conclui.
Gases causadores do efeito estufa O relatório da NEF explica que, segundo a Nasa, a agência espacial americana, a concentração máxima de gás carbônico na atmosfera para manter o aquecimento global dentro dos 2º C deveria ser de 350 ppm (partículas por milhão).
Para atingir essa meta até 2050, porém, a humanidade teria de reduzir sua intensidade de carbono na economia (quantidade de CO2 necessária para gerar expansão econômica) em 95%.
O problema é que a intensidade vem aumentando ao longo desta década. Para reverter essa tendência, o estudo destaca que seria necessário um esforço político muito superior ao apresentado durante a Conferência de Mudança Climática em Copenhague, em dezembro do ano passado.
Justamente por isso o estudo classifica essa drástica redução na intensidade de carbono na economia como "sem precedente e, provavelmente, impossível", reforçando a defesa pela estagnação econômica.
Alternativas inviáveis O estudo também confronta a posição de muitos líderes globais de que o uso de biocombustíveis é uma opção viável para controlar o aquecimento global. O primeiro problema é que esses combustíveis consomem uma área agrícola essencial para a produção de alimentos.
Se o Reino Unido, por exemplo, quisesse substituir seu consumo de petróleo por biocombustíveis à base de soja ou milho, precisaria de 36 milhões de hectares, ou seja, uma área 650% superior às terras aráveis do país, diz o estudo.
No caso do etanol produzido à base de cana-de-açúcar, o relatório admite que é possível produzir o combustível com o bagaço da cana, mantendo o suco voltado para a produção de alimentos. Mas o etanol à base do bagaço "ainda precisa de substancial pesquisa e ainda não é comercialmente viável", diz o estudo.
Com base em todas as possíveis alternativas analisadas pela NEF, o estudo concluiu que não pode haver controle do aquecimento global sem controle do crescimento econômico. "Isso significa que, para permitir um crescimento econômico em países com baixa renda per capita (...), será necessária uma redução na expansão econômica dos países ricos", conclui o relatório.
(BBC / UOL, 25/01/2010)