Fazer 30 anos “não é simplesmente, como num jogo de amarelinha, pular da casa dos 29 para a dos 30 saltitantemente”, afirma o escritor Affonso Romano de Sant'Anna. E não é mesmo, sobretudo, em se tratando de um projeto de recuperação e de preservação de tartarugas marinhas, animais que alcançam a idade adulta aos 30 anos e cuja longevidade varia de 80 a 100 anos.
O Projeto Tamar, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), corrobora a teoria de Sant'Anna e prova que completar 30 anos não é puramente saltar de uma casa decimal para outra sem nenhum aprendizado ou sem acumular conhecimento.
Criado no início da década de 1980 com o compromisso de recuperar e de proteger cinco espécies de tartarugas marinhas que procriam no litoral brasileiro, todas criticamente ameaçadas de extinção, o Projeto Tamar chega aos 30 anos com produção científica amadurecida, larga experiência na tarefa de recuperar espécies ameaçadas e profundo conhecimento sobre tartarugas.
O resultado da obstinação e do trabalho desenvolvido pela equipe pode ser observado neste verão. O Tamar pretende liberar ao mar dez milhões de filhotes que deverão nascer ao longo da costa brasileira nesta temporada (2009/2010) de desova.
Embora coincidentemente 30 anos seja a idade que uma tartaruga marinha atinge a fase adulta, portanto, essa é a primeira geração de tartarugas protegida pelo Tamar, o Projeto produziu bastante conhecimento novo para materializar o compromisso assumido nos anos 80 do século passado.
Nesses 30 anos, ele registrou o aumento gradual do número de filhotes liberados ao oceano. Anualmente, ele protege e monitora cerca de 20 mil desovas, com 900 mil filhotes liberados ao mar. Os números mostram que o Tamar conseguiu, durante essas três décadas, cumprir a tarefa de reverter esse quadro crítico e eliminar o risco de extinção.
Estudos comprovam que quatro das cinco espécies que desovam na costa brasileira começam efetivamente a se recuperar. Para isso, contudo, foi preciso intenso trabalho de pesquisa, de produção de estudos e de promoção de ações persistentes nas comunidades situadas em locais de procriação e de desova das tartarugas.
(Ascom ICMBio, 25/01/2010)