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furacões-tufões e tempestades oceanos
2010-01-25 | Julianaf

Agência americana estima que aquecimento global reduz o número de ciclones fracos, mas aumenta o dos mais fortes

Segundo cientista, trabalho com projeções para fim do século 21 indica que zona de maior risco migra para o norte, em direção aos EUA

O número total de tempestades tropicais no Atlântico Norte deve diminuir, mas a quantidade de furacões de categorias mais devastadora vai dobrar até o fim do século, indica uma projeção. O estudo, realizado por cientistas da Noaa (Agência Nacional Atmosférica e Oceânica dos EUA), estima o efeito do aquecimento global sobre os eventos extremos na região.

O tipo de furacão a que os climatólogos se referem no trabalho são os de categorias 4 e 5, cujos ventos estão acima de 210 km/h. São os eventos devastadores que ocasionalmente castigam as Bahamas, a costa sul dos EUA, o Golfo do México e a ilha de Hispaniola, onde ficam Haiti e República Dominicana.

A conclusão, apresentada hoje na revista "Science", contraria boa parte dos estudos anteriores, que sugerem redução em todas as ocorrências de furacões. Os autores da pesquisa atribuem a diferença à precisão de suas simulações em computador. Segundo eles, os modelos anteriores "não foram capazes de identificar furacões de categoria três [entre 177 km/h e 208 km/h ] em diante".

O trabalho tem previsões importantes do ponto de vista de defesa civil, pois 80 milhões de pessoas habitam a região estudada. Além da potencial destruição por vendaval, esses locais podem sofrer com inundações provocadas pelos furacões. Nas tempestades de categoria 5, a mais forte, o nível do mar eleva-se até cinco metros nas áreas costeiras.

Entre 1900 e 2005, apenas 6% dos furacões registrados nos EUA atingiram categorias 4 ou 5. Ainda assim, provocaram 48% de todo o prejuízo das tempestades no país.

Para projetar alterações a serem provocadas pela mudança climática, o estudo, liderado pelo climatólogo Morris Bender, da Noaa, baseou-se em um cenário médio de aumento de temperaturas usado pelo IPCC (painel do clima da ONU). A partir desses números, simulou diversos cenários futuros para o clima da região. Na maioria dos modelos criados em computador, os ventos se tornaram mais destrutivos à medida que o Atlântico se esquentava.

Vento cruzado

O estudo de Bender parece desatar agora um nó científico que já dura alguns anos. Estudos anteriores estimavam que o número total de furacões na região diminuiria, já que a mudança climática estimula a ocorrência de ventos cruzados em grandes altitudes -fator que dificulta a formação de furacões. Esse benefício, porém, é suplantado pela temperatura da águas do mar, que vem crescendo, e é aquilo que fornece energia aos furacões.

Para Carlos Nobre, pesquisador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), os resultados do trabalho de Bender parecem consistentes. Segundo ele, outras pesquisas já vinham documentado a alteração das condições que permitem a formação dos ciclones tropicais.

Segundo ele, a previsão mais interessante da Noaa agora é o deslocamento da área de maior incidência de furacões no Atlântico Norte. "O estudo sugere que a zona mais ativa de furacões vai se deslocar mais para o norte", avalia Nobre, alertando para um aumento do risco nos EUA.

(Por Giuliana Miranda, Folha de S. Paulo, 22/01/2010)


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